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As premiações são necessárias para se consolidar a meritocracia dentro daquela área, para que a recompensa disso seja o resultado do melhor esforço, da criatividade, do processo de feitoria, e do know-how das pessoas, para que com isso se instigue uma constante melhora daquilo.
As premiações nunca podem ser um afago no ego de alguém, pois isto seria estimular ainda mais o aconchego das pessoas, e ao evitar o mérito justo de alguém, se comete injustiça sobre o trabalho e a queda de sua qualidade.
Por isso que vemos o primeiro lugar no pódio mais alto que o segundo, que por sua vez é mais alto que o terceiro, ou mesmo a medalha de ouro que vale mais que a de prata, que vale mais que a de bronze. A diferença entre posições tende a estimular melhores resultados por melhores desempenhos, por isso que competições existem em todo o mundo, e pode ser bem vista na indústria do entretenimento.
Um dos fatos que vem assombrando a televisão aberta no Brasil é a tremenda queda de audiência no geral, audiência esta que está migrando para os streamings, sites diversos, jogos, e por aí vai. Hoje o futebol concorre não somente com outras ligas de futebol, mas também contra outros eventos desportivos e culturais na grade ou até mesmo naquele local.
A mesma situação se repete com outros programas, e não é diferente com os animes. Diferente do que ocorria no passado com a televisão, quando se comprava animes por meio de pacotes completos, que possuíam filmes e séries junto a eles, hoje o produto é adquirido de maneira direta com a produtora daquela obra com um know-how inteiro por trás.
Há equipes inteiras fazendo prospecções na Internet e de maneira presencial para se analisar o desempenho e potencial daquele produto, analisando pontos dos mais diversos, para que isto seja usado em propagandas e divulgações daquele produto. Ou vocês acham que a Netflix apostou alto num live-action de One Piece do nada? Claro que não! Eles sabem do potencial de uma das maiores marcas de animes e mangás do mercado, conhecido mundialmente há mais de 25 anos.
Ao trazer tal marca para seu portfólio, ela se colocou à disposição de uma enorme base de fãs dispostos a pagar para ver aquilo, as vezes dá certo, as vezes errado. O que quero mostrar é que há um motivo para que obras inteiras existam, e muito se está em jogo ao envolver tantas marcas conhecidas, desde uma bolada enorme de dinheiro, até a reputação dos detentores de direito e suas produtoras originárias.
E reputação é o que está pondo em prova certas premiações em todo o mundo, e em todas as áreas imagináveis. O Óscar está com uma audiência em queda livre desde o começo dos anos 2000, mas que se acentuou desde 2010, e não à toa, a cada ano que passa se torna mais inacreditável ver as nomeações caírem em contradição.
O The Best FIFA Football Awards, premiação realizada pela Federação Internacional de Futebol, teve a sua premiação mais recente com a maior polêmica, já que Lionel Messi foi um dos indicados, e ainda ganhou de maneira controversa, já que ele tinha saído do futebol europeu com uma atuação discreta, e indo jogar em um time fraco nos EUA.
E foi revelado que vários jurados da premiação o elegeram como o melhor jogador do mundo em 2023, ainda por conta da conquista da Copa do Mundo de 2022, sendo que o período da avaliação correspondia a 19 de dezembro de 2022, onde a Copa do Mundo já havia começado, e não correspondia na premiação de 2023, que foi realizada em janeiro de 2024.
A grande polêmica desta premiação no futebol foi o favoritismo que os jurados deram a Lionel Messi, ainda por conta da premiação do ano anterior, soando praticamente como um prêmio de consolação ao invés de se denotar o nível do jogador durante o período de avaliação, o que ficou bastante claro pela declaração do ex-jogador Obi Mikel após a cerimônia.
A seleção do jogador argentino entre os finalistas já estava errada, e nem mesmo o jogador apareceu na cerimônia no dia 15 de janeiro de 2024, e outras premiações foram mais justas e deram prêmios similares para Erling Haaland, o outro candidato a título.
O que me fez pensar seriamente nos CRITÉRIOS de avaliação, e não somente o The Best, mas todos as premiações sobre méritos, e como aqui não é um site esportivo para falar da FIFA, quero analisar as categorias do Anime Awards, que se tornou o maior evento do tipo em relação aos animes no mundo inteiro, e realizado diretamente do Japão.
Pois muitas foram as discussões nas redes sociais sobre os nomeados e posteriores vencedores do evento, e não sem motivos, pois me parece que a premiação da Crunchyroll está cometendo o mesmo erro da FIFA, e ao invés de critérios sólidos e transparentes, estão decidindo na popularidade dos fãs, o que não me parece ser o melhor caminho para se decidir o mérito.
Não só apontarei os erros das nomeações, como colocarei para você leitor uma base sólida que eu mesmo desenvolvi para premiações, já que como professor de música, também gratifico meus alunos por seus esforços, o último, foi para o estúdio na minha gravação de Natal para conhecer melhor o mundo da música, e o garoto saiu com um sorriso de orelha a orelha.
Premiações e premiados
- Anime do Ano: Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Continuação: One Piece;
- Melhor Série Estreante: Chainsaw Man;
- Melhor Filme: Suzume;
- Melhor Anime Original: Buddy Daddies;
- Melhor Animação: Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros);
- Melhor Design de Personagens: Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Direção: Shota Goshozono – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Cinematografia: Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Direção de Arte: Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros);
- Melhor Anime de Romance: Horimiya: The Missing Pieces;
- Melhor Anime de Comédia: Spy x Family – 1ª temporada, Cour 2;
- Melhor Anime de Ação: Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Anime de Fantasia: Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros);
- Melhor Anime de Drama: Attack on Titan Final Season – THE FINAL CHAPTERS Special 1;
- Melhor Slice of Life: Bocchi the Rock!.
- Melhor Personagem Principal: Monkey D. Luffy – One Piece;
- Melhor Personagem Secundário: Satoru Gojo – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Personagem mais PRECIOSO: Anya Forger – Spy x Family – 1ª temporada, Cour 2;
- Melhor Música de Anime: Idol – YOASOBI – Oshi no Ko;
- Melhor Trilha Sonora: Attack on Titan Final Season – THE FINAL CHAPTERS Special 1;
- Melhor Abertura: Where Our Blue Is – Tatsuya Kitani – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Encerramento: Akari – Soshi Sakiyama – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Atuação de Dublagem – Japonês: Yuuichi Nakamura (Satoru Gojo) – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Atuação de Dublagem – Português (Brasil): Léo Rabelo (Satoru Gojo) – Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Atuação de Dublagem – Inglês: Ryan Colt Levy (Denji) – Chainsaw Man;
- Melhor Atuação de Dublagem – Castelhano: Joel Gómez Jimenez (Denji) – Chainsaw Man;
- Melhor Atuação de Dublagem – Espanhol: Emilio Treviño (Denji) – Chainsaw Man.
*Dublagem = VA (Voice Acting)
Estes foram os premiados, e para discutirmos uma boa fórmula, precisamos nos basear bem na atual, e a atual tem problemas sérios e que precisam de uma resolução.
Comecemos de cima para baixo na pirâmide. O prêmio de melhor anime da Crunchyroll aparentemente acertou em ver os mais conhecidos, mas falhou em quesitos básicos. Primeiro, para se chegar na conclusão de que uma obra é a melhor, há de se estabelecer parâmetros justos e adequados para cada um, tal qual faço em minhas análises aqui na Anime United.
Geralmente analiso:
- Animação, que é a qualidade gráfica da obra;
- Arte gráfica, que são os traços e cores utilizados;
- Personagens e enredo;
- Trilha sonora (incluso aberturas e encerramentos).
Eu costumava analisar no começo a adaptação de mangá ou qualquer conteúdo fonte que a animação se baseou, mas percebi que mesmo se houver alterações em relação ao conteúdo fonte, estando em um meio de mídia distinto, o transforma em outro produto que serve como propaganda para o produto original.
Me perguntam como faço a análise, mas falarei disso no meu centésimo texto aqui na Anime United, e que está próximo de acontecer, mas posso dar um pequeno detalhe, copiei uma análise diretamente do Guitar Battle, que foi um site onde músicos lançavam composições próprias, e onde suas composições eram confrontadas com outras composições. E eles tinham um sistema organizado de votação e com CRITÉRIOS PROPORCIONAIS:
Como mostrado na foto acima, a originalidade, o feeling, a composição, a execução e a gravação, são critérios que se encaixam perfeitamente nas descrições de uma batalha para se saber quem é o melhor. São PROPORCIONAIS, o que quer dizer? Não se analisa o nível de sal e pimenta numa composição musical, e são de maneira direta, verdadeiros CRITÉRIOS, que são por definição “norma de confronto, avaliação e escolha”.
E como definimos o melhor anime de todos? Ora, a resposta está nas categorias que a premiação possui. Os melhores animes selecionados para a categoria de melhor anime do ano tem de ser os vencedores das categorias de gênero. Para você ter ideia do que estou falando, confrontemos os dados:
Os indicados para a categoria de melhor do ano foram:
Bocchi the Rock!, Chainsaw Man, Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros), Jujutsu Kaisen – 2ª temporada, Oshi no Ko e Vinland Saga – 2ª temporada.
Mas os vencedores das categorias de gênero cinematográfico foram:
- Melhor Anime de Romance: Horimiya: The Missing Pieces;
- Melhor Anime de Comédia: Spy x Family – 1ª temporada, Cour 2;
- Melhor Anime de Ação: Jujutsu Kaisen – 2ª temporada;
- Melhor Anime de Fantasia: Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros);
- Melhor Anime de Drama: Attack on Titan Final Season – THE FINAL CHAPTERS;
- Melhor Slice of Life: Bocchi the Rock!.
Não sou contra os fãs votarem diretamente, mas eles devem ser o fim da equação, não o fator de escolha. Outro equívoco é a múltipla seleção na mesma categoria e em diferentes categorias, já que Demon Slayer (Arco da Vila dos Ferreiros) está ao mesmo tempo na categoria de anime de ação e de fantasia.
E na categoria de personagens secundários, Jujutsu Kaisen está presente com dois personagens, Satoru Gojo e Suguru Geto. O que me parece ser contra produtivo, já que cada categoria deve ser única e também igualitária, deixar um mesmo anime em duas categorias de gênero e dois personagens da mesma obra na mesma categoria, não me parece ser honesto com os outros concorrentes.
Principalmente por um simples quesito, se neste modal no qual os fãs votam diretamente estiver dessa forma, o mais popular leva sem maiores problemas, enquanto que os critérios são deixados de lado, o que tira qualquer base analítica de disputa, e também tira do radar vários bons animes que ganham menos destaque.
Os últimos problemas que vejo são categorias desnecessárias e a falta da questão técnica das premiações. Há quatro categorias que se conflitam, melhor abertura e melhor encerramento, melhor música e melhor trilha sonora, e aqui meu lado chato de músico com 14 anos de experiência nas costas fala mais alto.
Ora, as músicas de abertura, encerramento, tema e trilha sonora em geral, não deveriam serem tratadas como trilha sonora do anime? Pois eu pensava que o prêmio de abertura e encerramento deveriam congratular o grafismo, não suas músicas, apesar de que as músicas devam casar com elas, não é sempre que isto ocorre.
E o que dizer da categoria Personagem mais PRECIOSO? Em inglês ela se chama “must protecc at all costs character”, ou personagem que se deva proteger a todo custo. Desculpa, mas, quando que começamos a dar premiações baseadas na afeição do personagem? Ok, entendo que a personalidade de um personagem é importante para uma qualificação, mas somente isso, e não servir de premiação, até por quê, isto deveria ser levado na premiação de melhor personagem protagonista ou secundário.
Quais as soluções então, Josué? Dou-lhes três formas de lidar com um certame.
O público deverá votar em cada critério em todos os modais. O vencedor do confronto será aquele que tiver mais pontos a seu favor.
- Animação;
- Arte Gráfica;
- Trilha sonora geral (incluindo tema, aberturas e encerramentos);
- Personagens enredo;
- Direção;
- Cinematografia.
No primeiro modal, TODAS as premiações seguirão num sistema de eliminação. Os indicados terão de enfrentar um ao outro de maneira direta, assim como no futebol, até terem 4 finalistas por categoria, e TODOS os animes daquele período de ano, suponhamos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro. Critérios técnicos como a avaliação de músicas, direção, cinematografia e afins, serão julgados por técnicos de suas respectivas áreas, tendo uma votação por popularidade à parte.
No segundo modal, as animações do período deverão passar por um sistema de seleção feito por jurados, com escrutínio público. Estes, sendo jornalistas mundo à fora (como este que vos fala), profissionais de cada área farão o mesmo, como músicos conhecidos analisando as músicas, diretores analisando a direção, e etc. Estes colocarão os selecionados finalistas para a votação do público, e o público vota no que lhe agrade.
No terceiro modal, também seguindo os critérios de análise, terá pesos de voto. Os jurados e o público em geral votam de maneira igual, mas terão pesos diferentes, pelo simples fato de haverem engraçadinhos tendenciosos que se unirão para votarem juntos em uma única escolha (mesmo que a votação só registre um voto por pessoa).
Logo, o peso do público será +1, e o peso do júri será +2. Onde em questão de coesão de opiniões que ocasionalmente ocorra, o melhor será congratulado de maneira simples, mas em caso de empate: Suponhamos que Tomo-chan e Boku no Bokoro estejam empatados a 3, tanto pelo voto do júri, quanto do público, a popularidade aqui será válida para o fator de desempate, então, mesmo que o júri tenha maior peso, o peso menor ainda tenha relevância e não seja excluído.
E tendo adendos para as categorias em todos os modais:
- Animes que se estendem para além do período de tempo, como Frieren que começou no final de 2023 e em exibição no começo de 2024, serão categorizados ao ano no qual ele estreou;
- Continuações de animes terão categoria própria e não poderão concorrer a Anime do Ano, já que o nome indica o objetivo em sua semântica, “DO ANO”. Começar em 2019 e ter temporadas 5 anos após seu lançamento é uma dádiva, mas não pode ser levado para outro ano;
- Cada categoria não poderá ter duplicatas, nem animes serem categorizados em mais de um gênero cinematográfico, nem categorias terem mais de uma parte do mesmo anime;
- Categorias musicais, de direção e roteirização, deverão passar por escrutínio de profissionais de suas respectivas áreas;
- Aberturas e encerramentos deverão ter análise baseadas não em suas músicas, e sim em seu desenvolvimento gráfico;
- Adição de categorias: de melhor design de cenários, para complementar a categoria de design de personagens, melhor anime de terror, melhor anime ecchi, melhor anime musical;
- Remoção de categorias: série estreante, já que os animes daquele ano serão julgados juntos e a categoria de continuações existirá para separar de maneira justa, além da categoria de personagem mais valioso;
- Mudança de nome da categoria de personagem principal para protagonista, já que por vezes, os principais personagens das tramas, principalmente ao longo de temporadas, não é o protagonista ou grupo protagonista.
Não entrarei na questão dos vitoriosos neste texto, já que no próximo UnitedCast, falaremos bem sobre o tema, mas principalmente, creio que os sistemas atuais de portais na Internet precisam dar conta da realidade de uma premiação. Há pouco tempo, tive uma discussão mais acalorada com certos membros da United exatamente por conta disto, e calma, não há roupa suja para ser lavada. Mas a briga foi gerada por conta da popularidade de animes sobre outros. Criei um senso de que a popularidade não deve ser a principal ou única característica para ter como critério.
Komi-san fez mais sucesso fora do que dentro do Japão, principalmente por conta da transmissão da obra, que se deu na Netflix, não muito popular por lá, logo, aqui há mais pessoas que gostem do que no país de origem. Há animes que são dublados nos EUA e aqui não, logo, por lá será conhecido e consumido por mais pessoas do que aqui.
No geral, a popularidade de uma obra pode se dar por uma série de motivos que torna a situação impossível de ser contabilizada, fora que há bons animes que são pouco vistos, e que por conta de sua baixa popularidade, há quem fale que são obras ruins por serem pouco vistas, o que é um equívoco de análise.
Conclusão
Portanto, critérios são importantes para se analisar qualquer coisa, não é por que você gosta de algo, que este algo seja bom, nem o contrário. O seu gosto não influencia na qualidade final de uma obra, nem pode ser usada para uma análise séria. E para que discussões desnecessárias e repletas de anacronismo e militância para a determinada obra (quase uma torcida cega) deixem de existir, precisamos agregar critérios nas discussões.
Pois uma análise justa, premia o mérito da obra e gera um ciclo virtuoso, e estimula a melhoria da concorrência em criar um produto com melhor animação, enredo e personagens, trilha sonora, e nós o público, sairemos com os bons frutos disto. Nos espelhemos no que a mídia ocidental falhou, a falta de critérios sólidos e proporcionais fizeram gerar obras que nasceram mortas, que não atraíram público, e falharam miseravelmente nas bilheterias e nos streamings.
A qualidade gráfica caiu muito na Marvel e DC, o roteiro virou piada interna e externa, personagens risíveis e não-atrativos, que geraram um ciclo desvirtuoso, e tanto o Óscar quanto o Globo de Ouro despencaram de audiência. Estúdios fecharam, obras morreram, e como evitar a mesma coisa com os animes? A Criação de CRITÉRIOS e o escrutínio público, sem isto, não há estímulo de melhora por parte das produtoras, e o público pagará o preço!