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Tigres e leões são grandes felinos que, a princípio, não lembram muito aquele gatinho que vive em casa (embora existam alguns gatos que parecem onças fisicamente). Os grandalhões têm a aparência e hábitos selvagens que são um tanto diferentes do jeito carinhoso dos gatos domésticos. Porém, ambos fazem parte da mesma família: a dos Felídeos, que reúne pelo menos 38 subespécies ao redor do mundo.
Então, mesmo com as diferenças, eles ainda são mamíferos, carnívoros e digitígrados (que andam sobre os dedos), bem como predadores natos. Os dois também compartilham algumas características físicas, como cinco dedos dianteiros e quatro traseiros, além de focinho, cauda e pelagem semelhantes.
Também não dá para negar que eles têm os mesmos trejeitos elegantes e o olhar marcante que desperta o fascínio de muita gente. Listamos nessa matéria o que os gatos, tigres e leões têm em comum, bem como as diferenças entre eles. Veja só.
Anatomia de um felino grande e de um gato doméstico é parecida
Para começo de conversa, os Felídeos são divididos em duas subfamílias:
- Pantherinae: leões, tigres, onças, entre outros animais maiores e selvagens;
- Felíneo: grupo que reúne os felídeos menores, como os linces, jaguatiricas e os gatos domésticos.
Mesmo assim, as duas compartilham algumas características genéticas e, tanto o gato que parece onça, quanto a própria onça, possuem olfato e audição apurados, além da incrível capacidade de enxergar em ambientes com pouca luz. A anatomia flexível desses animais também não é muito diferente. Ambos possuem orelhas curtas e pontiagudas, olhos delineados, pelagem ao redor do corpo, patas curtas, entre outros detalhes. A diversidade também faz parte dessa genética: atualmente existem 71 raças de gatos reconhecidas pela The International Cat Association, seis subespécies de tigres e 17 de leões. Somente os grandes felinos correm risco de extinção.
Documentário mostra que grandes felinos e os gatos domésticos têm as mesmas brincadeiras
“A Alma dos Felinos” é um documentário produzido pela National Geographic, em parceria com os pesquisadores Beverly e Dereck Joubert, que há 35 anos se desdobram sobre a vida dos grandes felinos. Mas dessa vez, o objeto de estudo foi um pouquinho diferente: nas filmagens eles observaram o dia-a-dia e comportamento do Smokey, um gato malhado e doméstico, que aparenta ser bem distinto daqueles que os especialistas estão acostumados.
A conclusão foi de que o gatinho criado em casa e aqueles selvagens ainda têm bastante coisa em comum. Uma delas é a forma de brincar: ambos são focados em um objeto específico e simulam uma caça com aquele alvo. Obviamente, os bichanos de casa são menos agressivos. Mas os gatos híbridos, descendentes dos selvagens, podem denotar mais força.
Gatos e tigres compartilham 95% do mesmo DNA, afirma pesquisa
Você com certeza já se deparou com algum gato que parece tigre e se perguntou o que eles têm em comum. Bom, aparentemente eles são mais próximos do que imaginamos. A revista científica Nature Communications publicou em 2013 um estudo denominado “The tiger genome and comparative analysis with lion and snow leopard genomes” (O genoma do tigre e análise comparativa com os genomas do leão e do leopardo-das-neves) que analisou a sequência genética dos grandes felinos.
Eles reuniram os genomas do tigre siberiano com o tigre de bengala e compararam com os do leão africano, leão branco e leopardo da neve. Em seguida, compararam ambos os genomas aos do gato doméstico. Um dos resultados mostrou que os tigres e os gatos tem 95,6% do mesmo DNA.
Felinos de grande porte e os gatos pequenos realizam autolimpeza com a língua
Ao que tudo indica, gatinhos e grandes felinos têm os mesmos hábitos higiênicos e os banhos com a própria língua fazem parte da rotina desses animais. As cerdas ásperas da língua dos gatos e felinos de grande porte são eficientes para escovar e limpar a densa pelagem. Essa também é uma forma de eles despistarem possíveis predadores. Mas como assim? Bom, quando não há “vestígios” do ambiente na pelagem, seja poeira ou restos de comida, fica mais fácil se esconder (por isso é mais comum tomar um “banho” após comer). Mesmo sem perigo aparente, os gatos domésticos ainda perpetuam essa prática. Sem contar, que eles adoram limpeza e principalmente gostam de se sentirem limpinhos.
A única diferença é que, ao contrário dos gatinhos, tigres e leões não costumam sofrer com bolas de pelos. Pesquisadores ainda tentam descobrir as causas disso.
Leões e tigres também se divertem com os efeitos da erva do gato
É muito engraçado assistir as peripécias dos bichanos diante da famosa erva do gato (ou catnip). Curiosamente, alguns felinos selvagens também não escapam dos efeitos dessa planta aromática – e um caso bem legal mostra isso.
No Halloween de 2022, os tigres e leões resgatados pelo santuário sul africano Animal Defenders International ganharam uma divertida surpresa: abóboras cheias de catnip! Se só o legume já foi um agradável presente para eles degustarem, o poder de ação dessa planta foi a cereja do bolo. Eles começaram a brincar e rolar, além de ficarem super relaxados logo depois de tanta brincadeira. As cenas desse momento estão logo abaixo. Dá só uma olhada.
Gatos e felinos grandes (como leões e tigres) possuem o mesmo hábito noturno, entre outros costumes
Passar o dia dormindo e a noite acordado não é uma exclusividade dos gatos vira-latas ou do gato que parece tigre. Na realidade, essa é uma prática herdada dos felinos selvagens, que aproveitam a escuridão para atacar as presas. Em compensação, eles precisam de longos descansos durante o dia e costumam dormir de 16 a 20 horas.
Outro detalhe em comum são os hábitos solitários. Eles são acostumados à independência e dificilmente precisam de apoio no momento da caça. Isso também fortaleceu a personalidade territorialista, característica dos felídeos, que marcam o território com urina ou afiando as unhas – as garras possuem glândulas que liberam um odor particular, mostrando que é ele quem manda ali. O mesmo acontece com o odor da urina e das fezes. Inclusive, o hábito de esconder os dejetos também é herdado dos tigres e leões, que serve como marcação de território e também para não deixar rastros.
Mas não é só isso! Se você reparar, até hoje os gatos domésticos se “escondem” por aí. Esse é outro costume herdado dos selvagens que é percebido no dia a dia, com o bichano se escondendo debaixo dos móveis, cobertores e dentro de caixas de papelão, como se fosse uma toca de gato. Assim, eles se sentem seguros e ainda podem capturar uma vítima que não percebeu seu esconderijo. A preferência por lugares altos também é outro hábito selvagem que serve como proteção, refúgio e visão ampla do ambiente.
Mesmo semelhantes, gatos e grandes felinos divergem em alguns aspectos
A evolução do gênero de felídeos que resultou no Felis Catus somada ao contato com o homem ocasionou diversas mutações nos genomas dessa subespécie. A domesticação é uma das grandes responsáveis por isso. Afinal, foi a partir dela que os gatos se tornaram bons companheiros e mais carinhosos com os humanos – aspectos que não fazem parte do comportamento dos grandes felinos. Mas esses não são as únicas divergências comportamentais.
- A agressividade e o comportamento selvagem do gato doméstico são menos acentuados;
- A dieta também é diferente – os grandes felinos ainda são puramente carnívoros, enquanto os animais domésticos se alimentam de ração e petiscos;
- Altura: enquanto os gatos variam de 25 a 30 cm, um tigre alcança até dois metros;
- Ronronar é uma exclusividade dos gatos. Leões e tigres não possuem a mesma habilidade de vibrar a laringe. Por outro lado, os gatos domésticos não conseguem rosnar;
- Grandes felinos também não “amassam pãozinho”. Essa forma de demonstrar afeto é só dos gatos e começa desde filhote.
Evolução dos gatos explica semelhança entre eles e os tigres
A história dos felídeos ainda não é certa, pois os registros são bem escassos. Mas o maior ancestral conhecido dos gatos é o Pseudaelurus, que teve origem na Ásia, há mais de dez milhões de anos. A partir dele, novos gêneros foram surgindo. O primeiro foi o Panthera, próximo dos leões e tigres. Eles eram grandes e surgiram há dez milhões de anos, além de ter costumes totalmente selvagens. Em seguida, veio o Pardofelis, de menor tamanho. O próximo foi o Caracal, que foi para o continente africano, seguido do Leopardus – ambos cada vez menores.
Então, surgiram os Lynx (famosos Linces), na Ásia. Depois o Puma e Acinonyx, que se espalharam por diversos continentes (incluindo a América do Sul), seguidos do Prionailurus, que permaneceu na Ásia, há 6,2 milhões de anos. Por fim, surgem os Felis (os mais próximos dos gatos domésticos) juntos com os Felis Silvestris, há pouco mais de três milhões de anos. Inclusive, o Bengal, raça de gato que parece onça, é resultado do cruzamento entre os domésticos e esses felinos selvagens. A cada evolução, os felídeos foram perdendo tamanho, o que facilitou a domesticação do homem.
Domesticação dos gatos ajudou a separá-los dos grandes felinos
Durante os dez milhões de anos de evolução dos gatos, algumas das subespécies de felídeos tiveram contato com os nossos ancestrais, que já se alimentavam por meio do cultivo de grão e cevada. Esse plantio atraía diversos roedores, que naturalmente são presas dos felinos, que começaram a habitar essas áreas para caça-los. Daí, começa o contato com o homem, que em troca, oferecia comida aos gatos pela caça das pragas que contaminam o cultivo. De lá para cá, eles foram cada vez mais domesticados e essa cultura foi se espalhando pelo mundo por meio da adoção de gatos. Mesmo assim, ainda existem grandes felinos ao redor do mundo e raças de gatos silvestres no Brasil.
Redação: Erika Martins
Edição: Juliana Melo