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Crítica | Ninguém é de Ninguém

Crítica | Ninguém é de Ninguém

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No cinema brasileiro, existe um mercado bastante lucrativo, onde possui seu início por volta de 2010, onde começa a leva de filmes espíritas. Desde longas como Nosso Lar(do mesmo diretor), filmes baseados em grandes nomes da religião espírita, principalmente Chico Xavier, renderam histórias de superação e fé, tudo isso com a mistura do drama e o retrato dessas figuras tão importantes para o popular brasileiro. E agora, baseado no livro de Zíbia Gasparetto, Ninguém é de Ninguém, o diretor Wagner de Assis busca essa mistura entre o melodrama acompanhado da temática espírita.

Gabriela (Carol Castro) e Roberto (Danton Mello) estão casados e têm dois filhos, mas ele está desemprego e ela precisa sustentar o lar. Ao longo dos meses, Roberto entra em uma espiral de ciúme doentio pela esposa, seguindo-a em todos os lugares por acreditar que ela tem um caso com o chefe. Do outro lado, Renato (Rocco Pitanga) e sua esposa Gioconda (Paloma Bernardi) também estão passando por dificuldades no relacionamento. Esses dois casais terão suas vidas cruzadas por mentiras, desespero e tragédias.

Foto: Cinética Filmes

A melhor forma de resumir essa adaptação é: novela mexicana com o espiritismo de pano de fundo. São situações e personagens extremamente unidimensionais, o roteiro faz questão de transforma-los em muito bonzinhos, o caso da personagem Gabriela, ou muito malvados e com um só sentimento, o caso do personagem Roberto. Por causa disso, somos “agraciados” com cenas extremamente exageradas, tanto na atuação/reação quanto na estética cafona em si.

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O principal problema do filme em si é o seu argumento. Ele basicamente justifica o ciúme e comportamento tóxico e agressivo dos parceiros por causa de vidas passadas, onde um acontecimento passado entre famílias culminou em uma vida infeliz, e assim foi passado para essas novas reencarnações. É um erro grotesco do filme, e assim, não existe nenhum problema com a religião envolvida aqui,  mas a forma que a história liga isso com suas figuras, acaba causando o sentimento de “passar pano” com o personagens e suas atitudes, tirando o peso das ações.

Crítica | Ninguém é de Ninguém 17

Além desse principal problema, o filme parece aproveitar o centro espírita de uma maneira totalmente jogada na história. Como se ele funcionasse como o resolvedor de tudo e tá tudo bem de novo. São esses elementos jogados que ajudam ainda mais em transformar essa história num melodrama raso e beirando o exagerado. E infelizmente os efeitos especiais são fraquíssimos, claro, sabemos as limitações de orçamentos e toda essa barreira no audiovisual brasileiro, mas os efeitos dos espíritos de fumaça preta(basicamente os obsessores no espiritismo) causam um estranhamento gigante quando surgem, tirando aquele elemento sério que o filme tenta passar.

Ninguém é de Ninguém no final das contas é uma obra assistível e com um elenco carismático, porém subaproveitado conforme o filme vai se desenvolvendo. Ele possui elementos que podem agradar os seguidores do espiritismo, principalmente os fãs das obras da Zíbia. Mas seu tratamento porco com melodrama, texto e estética, acabam tornando essa história de ciúmes e relacionamentos abusivos em uma verdadeira aula de vergonha alheia e excesso de seriedade.



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