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A onda de remakes que domina Hollywood, chegou mais cedo para uma produção dinamarquesa chamada No Speak Evil (Não Fale o Mal, no título nacional). Na versão americana, dirigida e roteirizada por James Watkins (A Mulher de Preto), vemos uma família dos Estados Unidos que, após se aproximar de uma família britânica durante suas férias na Europa, aceita um convite para passar um final de semana em sua casa de campo. Inicialmente, o cenário parece perfeito, oferecendo uma pausa tranquila. No entanto, o que deveria ser um fim de semana relaxante logo se transforma em um pesadelo sombrio.
O filme funciona bem, quando foca suas atenções em apresentar o surgimento da amizade entre as famílias e o surgimento de diversas situações que causam estranheza, mas não parecem ser tão perigosas. Porém com o tempo as situações embaraçosas vão dando lugar a situações estranhas, bizarras e superam o limite de micro agressões, aceitáveis e se tornando insustentáveis. Nesse desenvolvimento, o texto e direção de Watkins beira a perfeição. A criação de uma alegoria sobre ser o fato de sermos condescendente com situações que incomodam e as consequências disso, é muito bem desenvolvida e apresentada. Todas as situações vistas, deixam no ar um incômodo crescente e mostram que algo não está certo.
Porém do segundo ato em diante (mais especificamente, do meio do segundo ato) a produção abandona as reflexões geradas, para dar explicações demasiadas, o que pode “tirar o espectador do filme”. A quem goste de juntar as peças do quebra-cabeça, mas as revelações feitas e explicações dadas não atrapalham, mas poderiam ser mais discretas. Entendido o que está de errado, o suspense abraça o gênero de slasher movie, para saciar a sede de sangue do espectador que gosta de violência.
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O elenco inspirado e muito bem escalado, conta com ótimas atuações de Mackenzie Davis (Alguém Avisa?), Scoot McNairy (Monsters) e Aisling Franciosi (The Nightingale). Porém é inegável que James McAvoy (Fragmentado) é o dono do filme, com uma atuação assustadoramente brilhante. O ator cria uma personalidade que usa da “autenticidade” para enganar e manipular as pessoas ao redor, em mais uma ótima atuação em sua carreira.
Não Fale o Mal é uma produção instigante e pra lá de excêntrica, que mostra que devemos reagir ao nós sentirmos incomodados e não aceitar tudo que é feito contra nossa vontade, por medo de não parecer educado. Um remake tão bom, quanto o original!