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Crítica | Maxxxine

Crítica | Maxxxine

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Ao escrever sobre cinema, tendemos a observar um filme pelo que ele é, evitando ao máximo comparações com outras obras. No entanto, quando se trata de sequências e trilogias, como a de Ti West, torna-se difícil não estabelecer um elo comparativo entre os três filmes. Nesta trilogia, tão popular na era das redes sociais, podemos notar um diretor que parece experimentar sua própria autoria. Nos três filmes, Ti West brinca com a forma de filmar, mas sempre utilizando uma espécie de referência cinéfila. Em X, ele lida com a câmera de maneira frontal, referenciando o gênero slasher, enquanto simultaneamente ironiza o gênero, mas que acaba caindo em uma direção mais genérica.

Em Pearl, que considero o melhor dos três filmes, Ti West abandona o tom genérico de “X” e lida muito melhor com sua autoria. As referências ainda estão muito presentes, mas ele consegue, a partir delas, criar algo próprio e muito interessante. Em Pearl, há uma preocupação maior em construir uma história intimista e pessoal para a personagem principal. O terror está muito mais na construção narrativa e na imagem do que no impacto brutal (não que o gore seja um problema). Pearl funciona exatamente como é: insano e esquisito, seja na maneira que a personagem se comporta ou na forma como o diretor trabalha com a imagem.

Dessa forma, Ti West conquistou o público em geral por dois grandes motivos: as personagens interpretadas por Mia Goth (e seus memes virais) e a “liberdade” moral. Ti atrai o público pela liberdade sexual de suas personagens, pela ambição e empoderamento delas, sem nunca abandonar o gore — algo muito popular atualmente. E então chega Maxxxine, que é uma sequência direta dos acontecimentos de X – A Marca da Maldade. Aqui, Maxine, como única sobrevivente de uma filmagem pornô que deu errado, decide seguir sua jornada rumo à fama. Ambientada na Los Angeles de 1985, ela tem a oportunidade de brilhar e a agarra com todas as suas forças. Enquanto isso, um misterioso assassino, conhecido como Night Stalker, persegue as estrelas de Hollywood, deixando um rastro de sangue que ameaça revelar o passado sinistro de Maxine.

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Crítica | Maxxxine 7

Em Maxxxine, Ti West aproveita a temática metalinguística de Hollywood dos anos 80 para fazer diversas críticas à indústria cinematográfica. Nos seus três filmes, West critica o sexismo da indústria e a hipocrisia moral das pessoas e do próprio setor. Já aqui em Maxxxine, ele mergulha ainda mais fundo nessas ideias, explorando diretamente a indústria cinematográfica. É interessante a ideia de retratar uma sociedade conservadora dos anos 80 e usar o cinema como uma forma de escapismo moral.

Portanto, Maxxxine emerge como uma crítica ao moralismo de Hollywood, mas ironicamente, se apresenta da maneira mais contida e puritana possível. Ti West, um diretor promissor, traz à tona flashes de um possível domínio formal em algumas construções de cena, mas ainda parece inseguro quanto à sua própria autoria. Ele flerta com a estética do cinema clássico; no entanto, essa referência muitas vezes soa mais como uma homenagem vazia, desprovida de profundidade, feita para os cinéfilos “cults” gritarem, tal como o cinema da Marvel, que frequentemente prioriza essas referências.

Tudo parece muito morno em Maxxxine, onde Ti West não consegue aproveitar plenamente o potencial de seu universo. Ele acaba sendo perseguido pelo próprio monstro moral que tentou combater; no fim, torna-se mais uma vítima do puritanismo que criticava. É como se o diretor não conseguisse sustentar uma identidade coesa, oscilando entre críticas sociais e referências estilísticas que, ao invés de se complementarem, criam um descompasso narrativo. Maxxxine é um filme que, apesar de suas ambições, tropeça repetidamente em sua própria indecisão. O filme se perde em suas próprias pretensões, culminando em um vazio que deixa o espectador mais frustrado do que excitado.



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