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Ferrari, novo filme de Michael Mann (Colateral) mostra que durante o verão de 1957, a falência paira sobre a empresa que Enzo Ferrari e sua esposa Laura construíram dez anos antes. Ele decide apostar tudo na icônica Mille Miglia, uma corrida automobilística de longa distância pela Itália. No processo, Enzo redefiniu a ideia do carro esportivo italiano de alto desempenho e deu origem ao conceito da Fórmula 1.
A cinebiografia conta com o roteiro de Troy Kennedy Martin (Players) e consegue fugir das convencionais narrativas do gênero. A produção aqui prefere em focar apenas na história do homem por trás da escuderia italiana, usando o esporte e as curiosidades sobre a escuderia italiana apenas como pano de fundo. A produção ao invés de mostrar várias fases da vida do construtor italiano, opta em focar toda sua energia em um período, que foi muito conturbado na vida de Enzo. Nessa trama de 130 minutos de duração, podemos ver a relação problemática do construtor com sua sócia/esposa, sua relação com sua amante, o luto pela morte do seu filho e detalhes sobre um dos acidentes mais trágicos da história das corridas esportivas. Tantos temas, poderiam tornar a narrativa desconjuntada ou aleatória, jogando os fatos sem desenvolve-los, mas a direção de Mann junto ao roteiro conseguem criar uma trama intrincada, onde todos os elementos citados se unem em uma teia de eventos, que conseguem mostrar o lado mais humano e falho de Enzo Ferrari.
O cine biografado nunca é tratado como um herói ou alguém longe das imperfeições, pelo contrário. São tantas cenas que destacam o lado competitivo e às vezes até impiedoso do empresário que ele quase se torna um vilão dentro de sua própria história. Conseguimos ver o lado mais humano de Enzo, quando vemos sua relação com sua família (esposa, amante e filho). São momentos simples e que servem para desacelerar a trama, mostrando as fragilidades que o empresário tinha.
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Entre os destaques técnicos podemos citar a edição de som que coloca o espectador dentro das corridas e a fotografia repleta de luz natural. Além disso, os figurinos e a impactante trilha sonora de Daniel Pemberton (Homem-Aranha: Através do Aranhaverso) também merecem destaque. A cena do acidente durante a corrida na Mille Miglia, é uma das mais chocantes do ano e deve deixar o espectador abismado.
O elenco conta com boas atuações, Adam Driver (65 – Ameaça Pré-Histórica) mesmo por trás de uma maquiagem convincente dá vida a um Enzo Ferrari gélido e está disposto a fazer todos os sacrifícios em prol de salvar sua empresa. Penélope Cruz (Vanilla Sky) é um verdadeiro incêndio em forma de gente, roubando todas as cenas e se tornando o coração de Enzo e da trama. Gabriel Leone tem (Dom) estreia bem em Hollywood. Já Shailene Woodley (Sede Assassina) é escanteada na história e acaba se tornando quase uma figurante de luxo.
Ferrari é uma das melhores cinebiografias da década, pois foge do convencional e consegue mostrar o esforço de um homem em manter o seu legado. Custe o que custar. A direção de Michael Mann, mas uma vez consegue explorar, com astucia e perspicácia as imperfeições de um homem, tido como gênio.