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Crítica | Black Mirror (6ª temporada)

Crítica | Black Mirror (6ª temporada)

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Black Mirror é uma série antológica de ficção científica criada por Charlie Brooker, que sempre explorou histórias bizarras relacionadas a tecnologia. Com cinco temporadas, a produção muda suas histórias, mas sempre permanece mostrando o pior lado da humanidade, com raras exceções. O sexto ano da produção explora esses elementos (tecnologia e o lado sombrio do ser humano) e aposta na mesclagem deles com o gênero do terror, para dar uma nova dinamicidade as suas histórias. Algo que funciona… Algumas vezes.

Netflix/Divulgação

É inegável que os episódios mais memoráveis de Black Mirror sempre exploraram o impacto cruel que a tecnologia pode ter na nossas vidas, mas o novo ano prefere deixar essa ideia de lado. O que dá um novo respiro a produção e ao mesmo tempo abre um novo leque nas histórias, que ainda seguem a regra de mostrar como o ser humano pode ser mesquinho e cruel. De todas as histórias, a mais fraca é Mazey Day, que é estrelado por Zazie Beetz (Coringa). A produção explora a cultura das celebridades e ação parasitária dos fotógrafos que perseguem diversas figuras públicas para obterem imagens inéditas. A personagem de Beetz é desenvolvida no episódio de modo correto, mostrando que ela reconhece que suas ações são tóxicas e prejudiciais, mas a reviravolta que acontece na trama é tão abrupta, sem sentido e forçada que quebra qualquer chance da produção divertir ou até mesmo marcar o espectador pela sua violência.

Mas calma que nem tudo é uma decepção na nova temporada. Demônio 79 e Loch Henry são dois episódios que exploram o suspense de modo correto e instigante, mesmo sendo um pouco previsíveis em seu desenvolvimento e conclusões (em especial Loch Henry). Mas mesmo assim, são episódios sólidos e que conseguem prender a atenção do espectador. Demônio 79 ainda tem uma história, que se passa em 1979, mas que segue atual. A produção explora a política racista na Grã-Bretanha e mostra como micro agressões feitas contra minorias, podem desencadear sequências aterradoras para quem comete esse tipo de crime.

Netflix/Divulgação

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Os melhores episódios da nova temporada são Beyond the Sea e Joan é Horrível. O primeiro é um episódio que lembra muito, os episódios vistos em como Além da Imaginação, destoando da proposta pessimista de Black Mirror. A história sobre empatia em uma situação pra lá de desesperadora, consegue em seus 74 minutos construir com desenvoltura um incrível estudo sobre o ser humano e mesclar essa análise com bastante tensão pela situação apresentada. Já o episódio, Joan é Horrível é com todas as características de Black Mirror. Aqui temos uma ideia simples: como você se sentiria vendo sua vida se desenrolando diante de você na TV? O episódio trata sobre privacidade e autonomia de um modo sagaz, irônico e que ao fim levará o espectador a um estado de reflexão sobre a indústria do cinema e streaming. Mas é necessário, salientar que a produção do segundo ato em diante, acelera muito sua narrativa e perde a chance de desenvolver a estranha situação de modo orgânico.

A sexta temporada de Black Mirror aposta no suspense e terror para contar novas histórias. Um bom retorno, após um hiato de quase quatro anos. Que uma nova temporada chegue o quanto antes, para explorar nossos medos e anseios.



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