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Crítica | A liga

Crítica | A liga

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É impressionante observar como a “marvelização” da indústria cinematográfica tem se tornado cada vez mais predominante. Esse fenômeno, em que estúdios de cinema adotam estratégias e fórmulas popularizadas pelo Universo Cinematográfico da Marvel, reflete uma tendência crescente de transformar o cinema em um espetáculo serializado. A criação de universos compartilhados e a construção de narrativas que se desenrolam ao longo de várias produções têm se tornado uma prática comum. Essa abordagem envolve mais do que apenas a interconectividade entre filmes; ela implica uma certa homogeneização, onde cada produção se torna um subproduto do anterior, replicando fórmulas de sucesso com pouca variação artística. Essa tendência levanta questões sobre o futuro do cinema, onde a criatividade autoral corre o risco de ser substituída por uma fórmula que privilegia a familiaridade e a segurança comercial em detrimento da ousadia artística. 

A partir disso, percebemos como grandes empresas, como a Disney e a Netflix, movidas pelo lucro, reconhecem que essa estrutura oferece excelentes oportunidades financeiras. É fácil repetir fórmulas de sucesso, uma vez que o gosto do público já foi moldado, tornando essas produções altamente lucrativas. Tenho observado, portanto, que a Netflix vem se tornando cada vez mais uma empresa que vive em um ciclo dentro de seus próprios filmes, especialmente nas produções de ação e comédia. Uma empresa como essa, mais preocupada com a quantidade semanal de produções originais do que com a própria arte a que se propõe, acaba mergulhando em filmes e séries que se repetem e se copiam, não apenas na narrativa, mas também na própria decupagem. É como se grande parte das obras originais da Netflix fossem dirigidas pela mesma pessoa ou por uma inteligência artificial.

Dessa forma, A Liga, o mais novo filme da Netflix que rapidamente alcançou o topo dos mais assistidos na plataforma esta semana, infelizmente se revela como mais do mesmo, seguindo a fórmula já desgastada pelo streaming. O filme parte de uma narrativa comum, centrada em um homem comum cuja vida se transforma até culminar na ascensão do herói. Mas não se engane, caro leitor, ao pensar que o problema reside unicamente no roteiro — que, para mim, é de menor importância. Existem inúmeros filmes com histórias semelhantes que funcionam. A verdadeira diferença não está no que é escrito, mas em como é decupado.

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A Liga apresenta uma direção presa em suas próprias limitações, parecendo um filme que copia e cola movimentos, ângulos e trilha sonora de todas as produções — ruins — de ação anteriores da Netflix. Não há nada ali que pareça genuinamente seu. Falta vida, falta a visão de um autor; não é cinema, é apenas um produto da indústria, criado para cumprir demandas e preencher o calendário. É interessante notar que “A Liga” utiliza os melhores elementos que essa indústria cultural “criou”: a estratégia de trazer nomes e figuras de peso da própria indústria. A Marvel fez isso ao trazer de volta Robert Downey Jr., e a Netflix segue o mesmo caminho ao escalar Mark Wahlberg, Halle Berry e J.K. Simmons. 

É uma jogada puramente lucrativa, pois eles sabem que o público nerd se encantará com a ideia de rever um ator importante de filmes anteriores, e que o espectador médio será atraído pela capa do filme e o assistirá por causa dos atores. No entanto, ao replicar incessantemente esse modelo de sucesso da indústria, filmes como “A Liga” e seus autores podem estar sacrificando a oportunidade de explorar novas narrativas, estilos e até mesmo o cinema, limitando assim a diversidade que a própria arte tem a oferecer.



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