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Crítica 2 | Fale Comigo

Crítica 2 | Fale Comigo

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Talvez o ponto mais chamativo de Fale Comigo seja justamente essa sua criatividade central envolvendo a figura da mão de “manequim” e como ele cria essa espécie de reunião entre pessoas nitidamente perdidas ou descompromissadas com a vida para realizar tal feito. É evidentemente uma alegoria com o uso de drogas, desde a descrição das reuniões dos jovens até a ideia de quem encarar ser possuído é alguém descolado/maneiro. E com essa proposta “diferente”, o filme traz uma perspectiva interessante envolvendo possessão e o sobrenatural. O longa abrange um grupo de amigos que constantemente entra em contato com o mundo espiritual por meio de uma mão embalsamada. Eventualmente, esse hábito provoca consequências terríveis para a vida de cada um.

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A obra caiu no gosto popular e vem criando um certo hype em torno de seu lançamento. É uma prática bastante comum do mercado e da internet por conta de filmes que apresentam uma ideia “diferente “ em torno de algumas convenções já batidas. Aqui no caso, sobre possessão. E é realmente interessante as cenas criadas em torno dessa brincadeira com o sobrenatural, são momentos que passeiam entre o macabro, com um claro trabalho mais pesado e tenso envolvendo as aparências dos espíritos até chegar na possessão em si, um sufocamento transmitido positivamente por todos os atores nessas cenas, um bom trabalho de body horror. E existem também breves momentos de leveza, seja pela montagem mais tranquila de cada um entrando no jogo e aproveitando essa “brisa” pós possessão, é algo relativamente bizarro e o filme encaixa bem nessa proposta de fuga da realidade daqueles jovens perdidos e descompromissados.

Essas motivações com os jovens funcionam em partes. A protagonista Mia traz a justificativa mais plausível para tantas decisões equivocadas, é possível enxergar esse olhar perdido e até desesperado da personagem por conta do luto pela sua mãe. A história traz um grau dramático para ela tomar decisões de participar das brincadeira, ter essas constante saudade da mãe e que acaba inevitavelmente afetando toda sua vida, e consequentemente querendo ser possuída e se desconectar da sua realidade. São motivações que até justificam algumas decisões burras da personagem ao longo do filme, mas claramente não perdoa alguns clichês encontrados durante a jornada. Por outro lado temos motivações mais vagas e simples, como o envolvimento do irmão mais novo de Jade, melhor amiga de Mia, é algo puramente em querer se enturmar e fazer parte daquele grupo mais velho, e funciona.

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E o principal problema de Fale comigo é conforme a história vai avançando somos distanciados do macabro e caímos mais em um drama psicológico envolvendo cenas repetidas de espíritos confundindo nossos personagens e uma decisão pra lá de eterna quanto um personagem hospitalizado. E a história acaba caindo em facilitadores com seu roteiro, que envolvem desde a protagonista acreditando em supostas verdades de espírito claramente suspeito até uma fuga de um hospital praticamente sem segurança ou funcionários. São esses feitos negativos que tiram da imersão interessante que o filme estava conseguindo criar, mas felizmente ele apresenta uma conclusão honesta e bem encaixada e remetendo aquela paciência charmosa inicial do longa.

Mesmo que não seja algo memorável ou inesquecível como muitos falaram desde seu lançamento, Fale Comigo é uma boa opção de entretenimento e traz alguns subtextos interessantes de se analisar. Toda essa construção pela metade envolvendo essa geração viral e a busca pelo prazer momentâneo encarna essa prática de apenas fazer e postar. É uma alegoria interessante sobre pessoas viciadas nesse contato com o sobrenatural.



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