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Na noite de ontem, 8 de julho de 2024, o Festival de Cinema de Pernambuco (CinePE) teve seu terceiro encontro, atraindo uma multidão que lotou o local antes mesmo da abertura dos portões. Desde o início, o festival tem sido um sucesso estrondoso, e a noite foi marcada pela exibição de sete curtas-metragens e um longa-metragem. A Mostra Competitiva de Curtas Pernambucanos apresentou Das Águas, Náufrago e Emocionado. Na Mostra Competitiva de Curtas Nacionais, foram exibidos Hoje Eu Só Volto Amanhã, Sertão América, Sempre o Mesmo e A Chuva Não Me Viu Passar. Enquanto na Mostra Competitiva de Longas foi exibido Cordel do Amor Sem Fim.
Cada filme exibido trouxe seu estilo e forma única de contar histórias, mas, de certa forma, todos se conectaram, seja pelo bairrismo nordestino ou pelos relatos de amor, carinho e saudade. Abaixo, falo um pouco sobre cada curta exibido.
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS
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Das Águas (Dirigido por Adalberto Oliveira e Tiago Martins) – Este documentário ambiental utiliza elementos clássicos do cinema de denúncia, dando voz àqueles que são marginalizados por uma sociedade hegemônica. O filme não apenas aponta a câmera para os olhares cansados de tanta luta, mas utiliza a contemplação dos planos para gritar por socorro. É interessante como o filme vai além da estética comum do documentário, utilizando planos e ângulos inventivos para contar essa história de clamor.
Náufrago (Dirigido por Vitória Vasconcellos) – Um curta intimista que versa sobre luto e saudade, utilizando seu cenário paradisíaco e sua imensidão para lidar com a melancolia da vida e sua brevidade. A diretora parte de um recorte pessoal e melodramático, aproximando o espectador dos sentimentos explorados no filme.
Emocionado (Dirigido por Pedro Melo) – Para mim, o grande destaque da noite. O curta já ganha força pela equipe carismática presente e pelo lindo discurso dos realizadores, mas é, de fato, um filme maravilhoso. Utilizando uma estética bastante geracional, cheia de estímulos comuns à geração Z que funcionam muito bem na imagem, divertindo o público e fazendo o cine-teatro inteiro gargalhar.
MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS
Hoje Eu Só Volto Amanhã (Dirigido por Diego Lacerda e Luan Hilton) – A animação tem a particularidade de oferecer uma liberdade criativa que permite ao autor explorar ideias visuais impossíveis no mundo real. Em Hoje Eu Só Volto Amanhã, essa liberdade é bem utilizada, com variações animadas que criam um dinamismo carnavalesco, fazendo o espectador ansiar pela grande folia.
Sertão América (Dirigido por Marcela Ilha Bordin) – Este curta parte de uma ideia experimental onde a imagem assume uma estética da fome característica do cinema novo brasileiro. A fotografia granulada traz a verossimilhança do calor do sertão, e os planos contemplativos valorizam a terra, criando algo ancestral de um local repleto de vida e arte.
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Sempre o Mesmo (Dirigido por João Folharini) – Talvez a produção mais fraca exibida na noite de ontem. “Sempre o Mesmo” busca uma aproximação emocional ao contar a história de um pai com Alzheimer e seu filho, mas as escolhas formais do diretor pouco funcionam. É um filme que não se permite emocionar, nem discutir temas importantes como a masculinidade.
A Chuva Não Me Viu Passar (Dirigido por Leonardo Gatti) – Este curta tem momentos muito divertidos, sobretudo pela figura da Dona Célia, protagonizada pela carismática Berna Sant’Anna. É um filme íntimo que abraça todos aqueles que sentem saudade de suas icônicas avós.
A diversidade de estilos e narrativas demonstrada pelos curtas-metragens exibidos no CinePE reflete a riqueza do cinema pernambucano e nacional, confirmando o festival como um espaço vital para a celebração e discussão da sétima arte. O festival continua na noite de hoje, 9 de junho de 2024, com mais oito produções nacionais, sendo sete curtas e um longa. Os ingressos são gratuitos, não perca a chance de viver a cultura e o cinema do nosso país.