Se há um gênero televisivo que ainda consegue nos arrancar suspiros de angústia, de frustração e de ódio, este gênero é o de drama – e 2023 se provou um ótimo ano para histórias focadas em intrigas familiares, relacionamentos conturbados e reflexões sobre o sentido da vida com títulos aplaudíveis e sensacionais.
Tivemos, por exemplo, a temporada final de ‘Succession’, que a consagrou como uma das melhores produções da contemporaneidade e que com certeza irá deixar saudades pelos fãs assíduos dessa competente storyline, ou o visceral body horror dramático de ‘Gêmeas: Mórbida Semelhança’.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando as cinco melhores séries de drama do ano, sejam elas puramente voltadas para o gênero ou misturadas a outras inflexões criativas.
Confira abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual foi a sua favorita:
5. RAINHA CHARLOTTE
“A série encontra sucesso nos mais diversos aspectos: o primeiro deles é a elegante e vibrante imagética, que não apenas recupera as vestimentas e a estética de meados do século XVI, como oferece incursões diferentes e contemporâneas que se alastram para outras esferas – como, por exemplo, a trilha sonora, acompanhada de versões reimaginadas de grandes sucessos da música pop (como “Halo”, de Beyoncé, e “Nobody Gets Me”, de SZA). E o segundo aspecto a nos chamar a atenção é a multiplicidade exuberante de atuações – que têm como âncora a presença incandescente de Amarteifio e de Rosheuvel” – Thiago Nolla
4. A SMALL LIGHT
A poderosa minissérie ‘A Small Light’ provavelmente passou longe de seu radar, mas mereceu o lugar que a destinamos nessa singela lista. A produção, disponível aqui no Brasil no Star+, conta a notável história da secretária Miep Gies, que não hesitou quando seu chefe Otto Frank, pai de Anne Frank pediu que ela escondesse ele e sua família dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Com atuações pungentes e uma dramatização espetacular de um dos períodos mais obscuros da história da humanidade, a obra acerta em todas as mensagens que se propõe a passar ao público.
3. GÊMEAS: MÓRBIDA SEMELHANÇA
“A série se mostra apaixonada pelo filme original, inclusive homenageando elementos marcantes – como ângulos distorcidos, o flerte com o surrealismo narrativo e a presença constante de uma paleta vermelho-sangue que dialoga tanto com a profissão de Beverly e Elliot quanto com a crueza dos temas tratados. Porém, ela não existe em subserviência ao clássico de Cronenberg, mas como um anexo que respira por conta própria, modernizando o que já nos foi apresentado com uma ácida declamação feminista e reviravoltas bem-vindas que nos impedem de desviar os olhos da telinha” – Thiago Nolla
Não deixe de assistir:
2. THE LAST OF US – 1ª TEMPORADA
“Toda a intrincada trama é bastante familiar para qualquer um que seja apaixonado por distopias pós-apocalípticas e desastres naturais – mas a beleza de ‘The Last of Us’ é o modo como isso é tratado. A disseminação do fungo não existe como mote principal dos arcos dos personagens, e sim em comunhão com eles, permitindo que seja uma espécie de engrenagem em complexas personalidades que foram obrigadas a mergulhar em uma melancólica frieza para permanecerem vivas; a partir disso, temas como luto, barbárie, sacrifício e redenção insurgem em um incrível espetáculo dramático que consegue equilibrar cada elemento que entrega aos fãs. Não é surpresa que, ao longo dos episódios, tomemos ciência de que a releitura da HBO não é apenas uma das melhores do ano, mas do catálogo da emissora” – Thiago Nolla
1. SUCCESSION – 4ª TEMPORADA
“Entre comentários despretensiosos regados de ironia e uma falsa sensação de plenitude, ali residia a dor de uma família destruída pela ambição desenfreada. E a 4ª e última temporada é a coroação suprema de anos de desdém, luxo e sagacidade desenfreados. E em uma espiral decadente delirante, vemos o old money ruir, dando espaço para a tecnologia e para o processo natural da sociedade contemporânea – onde monopólios oligarcas perdem espaço para empresários descentralizados, cujos sobrenomes valem bem menos do que seu inato poder aquisitivo” – Rafaela Gomes