Dentre os deuses egípcios, um dos mais importantes e mais conhecidos até hoje é Amon, cujo nome significa “O Oculto”, “O Invisível”. Devido a esse caráter indefinido, Amon pode ser considerado o mais misterioso dos deuses egípcios. Ele era representado de diversas formas, seja como um carneiro ou como um homem. Às vezes, como um homem com cabeça de carneiro.
Amon, a princípio, era um deus de adoração local. Mas seu culto foi ganhando importância ao longo do tempo. Associado a Rá, deus do Sol, tornou-se Amon-Rá, o “Rei dos Deuses”, patrono da cidade de Tebas e a mais poderosa divindade de todo o Antigo Egito.
O significado da palavra Amon
No geral, os deuses do panteão egípcio representam coisas mais definidas, como o conhecimento (Thoth) ou a maternidade (Hator), Amon era o deus da indefinição. Seu nome significa “O Oculto” – ou seja, aquilo que não pode ser definido e que não possui uma forma palpável, e por isso era associado ao ar e ao vento. Amon representava a própria natureza misteriosa da vida.
Ora, se algo é tão misterioso a ponto de fugir à definição, podemos compreendê-lo de diversas formas. Esse aspecto maleável do deus Amon abriu espaço para que ele se unisse a outros deuses, incorporando seus atributos. A associação entre deuses não é um fenômeno incomum na história das mitologias.
Foi assim que surgiu o “Rei dos Deuses”: Amon-Rá.
Como Amon se tornou a divindade principal entre os egípcios
Foi por uma questão política que Amon se tornou um dos deuses mais cultuados no Antigo Egito.
A princípio, o deus Amon era um deus local. Era adorado na cidade de Tebas juntamente com sua versão feminina, Amonet. Ambos fazem parte do Ogdoad, o panteão de deuses egípcios que existia antes mesmo da formação do mundo. Faz parte desse panteão original o deus Rá, criador do mundo.
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Por volta do ano 3000 a.C., Amon não gozava de uma preferência especial por parte dos tebanos. Ao que tudo indica, o culto a Amon ganhou importância após a vitória de Amósis I contra os hicsos, que haviam invadido e assumido o controle do Baixo Egito. O faraó Amósis I foi o responsável por reconstituir a unidade do Império Egípcio no ano de 1580 a.C.
O faraó atribuiu a importante vitória sobre os hicsos aos auxílios divinos de Amon. Durante o Novo Império (que durou de 1580 a.C. a 525 a.C.), Amon conheceu seu apogeu.
Conheça Amon-Rá, o “Rei dos Deuses”
Nenhum outro deus egípcio foi tão poderoso quanto Amon-Rá, considerado uma espécie de faraó divino. Ele foi o deus mais importante da religião egípcia e em sua homenagem foram erguidos diversos monumentos luxuosos, entre os quais o famoso Templo de Karnak, o maior santuário já construído para uma divindade egípcia.
Como surgiu Amon-Rá
Foi no início do Novo Império que Amon foi associado a Rá. As qualidades do deus do Sol Rá foram incorporadas pelo deus “Oculto”. Assim, surgiu Amon-Rá, um deus tão poderoso que, em pouco tempo, se transformou na divindade mais popular do Antigo Egito.
Ao longo dos anos, o culto a Amon-Rá foi ficando tão forte que esse deus se sobressaiu em relação aos demais. Sob o reinado do faráo Akhenaton (1352-1336 a.C), o Antigo Egito conheceu algo que pode ser comparado com uma religião monoteísta, quando o faraó chegou a proibir o culto a outros deuses em benefício de Amon-Rá.
Os poderes de Amon-Rá
São inúmeros os poderes que o indefinível Amon foi incorporando ao longo dos anos. Vejamos todas as facetas de Amon-Rá, de acordo com Joshua J. Mark, editor da Enciclopédia de História Antiga:
- Deus do Sol: lembremos que Rá é uma divindade solar. O Sol é um elemento criador, já que é responsável por dar a vida.
- Deus criador: ele não só era conhecido como o deus que criou o mundo, mas que se autocriou. Um de seus epítetos era “Amon-Rá, o Autocriado”.
- Deus da fertilidade: um deus criador, como Amon-Rá, é automaticamente uma divindade vinculada à fertilidade.
- Deus da guerra: tal como ocorreu com Rá, Amon também absorveu o poder da guerra do antigo deus Montu. Devido a essa crença, Amon-Rá era invocado com frequência durante as batalhas.
- Deus onipresente e terreno: outro fato interessante sobre Amon-Rá, segundo a crença, é que este deus, ao contrário de outras divindades, fazia-se presente aqui e agora. Não havia distância entre Amon-Rá e o mundo dos homens. Tal como o vento, Amon-Rá estava por toda a parte.
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