REVIEW | Silent Hill 2 Remake prova que a cidade está no mapa novamente

Um remake que respeita o legado e moderniza uma clássica história sobre a fraqueza humana

Honestamente, Silent Hill 2 Remake poderia ser um ponto e vírgula na franquia, que não acumula bons lançamentos desde o fim dos títulos numerados, e olha que isso já faz mais de vinte anos.

Por isso, os fãs mais apaixonados dos títulos originais podem ter uma opinião diferente, e eu definitivamente gostaria de lê-las nos comentários, mas as impressões que tive após realizar dois finais não poderiam ser mais positivas.

Tudo tem um começo, e a jornada de James se inicia após aquela macabra carta de Mary, sua esposa falecida, convidando-o a reencontrá-la em seu “lugar favorito” na pitoresca cidade de Silent Hill.

A primeira coisa que preciso dizer, obviamente, é que a apresentação do jogo ficou excelente. Se você compará-la ao jogo de duas décadas e meia atrás, vai perceber imediatamente que eles dedicaram muita atenção aos detalhes para que a obra não se desvirtuasse do que tornou SH2 uma obra-prima.

Afinal, à época, o jogo era um verdadeiro marco técnico, usando a camada de neblina da cidade para criar uma atmosfera sinistra e única. Mas, se assim como eu você tem um senso de nostalgia aguçado, talvez não perceba o quão importante a neblina era para a versão do PS2.

Sem a neblina, o jogo original não teria conquistado tantos corações. E desta vez não foi diferente

Além disso, a iluminação e as sombras suaves presentes no jogo original eram realmente especiais. E agora vemos o mesmo capricho, o mesmo zelo por parte da Bloober Team. Se você jogou Silent Hill e começar a jogar o Remake, notará que ele está muito mais bonito e contemporâneo.

Não apenas supera o original, como se enquadra como um dos maiores survival horrors já feitos

Outro ponto de grande destaque é a escuta ativa da equipe de desenvolvimento aos feedbacks dos fãs nos últimos anos. Desde o anúncio do primeiro trailer, percebemos críticas carregadas sobre alguns modelos de personagens e outros pontos.

Bem, eles ouviram essas críticas e fizeram as mudanças com o avião voando. Para exemplificar, James Sunderland, em sua primeira versão, causou reações bem opostas no público, mas, na versão final, ele foi aprimorado, com animações faciais bem mais polidas.

A transição entre as cutscenes e os ambientes de jogo é outro grande trunfo do Remake. Diferente do jogo original, onde tínhamos várias pausas e telas de carregamento, agora tudo é mais fluido. Você perceberá isso já de início, quando pegar o mapa ao sair do carro. Esta era a primeira pausa do jogo que não existe mais…

Os personagens que você encontra durante o jogo também estão muito bem, embora ainda dê para fazer críticas sobre as animações faciais de alguns modelos, mas, em geral, o trabalho está decente.

Por exemplo, gostei bem mais das melhorias feitas em Mary, com as linhas de expressão mais precisas. Já em relação ao diálogo narrativo, ele é muito fiel ao original e certamente vai agradar aos fãs mais antigos.

Uma mudança bem-vinda é a própria cidade de Silent Hill, que agora está mais interativa, permitindo quebrar janelas e saquear veículos — algo que não era possível no original. E o melhor de tudo é que essas mudanças não alteram o arco narrativo, apenas atualizam o jogo para 2024.

Design de som 3D impecável

Ah, o áudio. Meu Deus, o áudio. O áudio é excepcional e tenho expectativas elevadas de que ele ganhe prêmios. É espacial, é nítido e extremamente assombroso. É mais um daqueles jogos que é recomendado jogar com fones de ouvido para aproveitar a atmosfera criada pelo mestre Akira Yamaoka. Mesmo que a trilha sonora tenha sido reformulada, ela mantém a essência das notas do jogo original.

Em termos de jogabilidade, bem, o combate é simples como no primeiro jogo. A Bloober Team claramente tentou se esforçar para melhorar essa mecânica e deixá-la mais fluida, com um toque de The Last of Us, permitindo trocas rápidas de armas e ataques mais dinâmicos.

Contudo, eles sabiam que, se mudassem demais esse aspecto, poderiam polarizar os fãs, já que o foco do título original era sobreviver e explorar, e não lutar. Então, o jogo aperfeiçoa esses elementos de forma sutil, sem realizar grandes mudanças.

Graficamente, o jogo está muito bonito, especialmente na versão para PC, que joguei em um glorioso monitor 32:9, proporcionando uma imersão incomparável às TVs planas da virada do milênio.

Não vou mentir: o ponto negativo aqui está no stuttering presente e em algumas sombras que parecem estar fora do lugar. E, sim, isso afeta a imersão negativamente. Não tem como não perceber. Porém, espero que isso seja corrigido em patches futuros.

Silent Hill 2 entrega mais conteúdo do que o original, com novas áreas e quebra-cabeças reformulados que oferecem uma nova experiência, mesmo para quem conhecia o primeiro jogo de cabo a rabo.

Contra as expectativas, a Bloober Team entregou um remake que expande Silent Hill 2

Além disso, ele traz os seis finais do jogo original e mais dois novos, inéditos. Isso é algo que realmente devemos apreciar, pois evita uma experiência repetitiva e incentiva os mais fervorosos fãs a reingressarem nesta horripilante história.

É claro que algumas cenas marcantes, como o primeiro encontro com o Cabeça de Pirâmide, não causam o mesmo impacto que no jogo original, o que é tão decepcionante quanto o fato de que você está mais velho.

Importante: o game permite que você jogue com os gráficos antigos e a sensação nostalgica disso para quem jogou antes realmente não preço!

Vale a pena jogar Silent Hill 2 Remake?

Em geral, estou mais do que satisfeito em revisitar Silent Hill 2. A otimização do jogo está muito bem feita e isso é algo raro de se ver hoje em dia.

A trilha sonora é uma mágica e nostalgia, trazendo as músicas que já conhecemos e adoramos, porém com um toque renovado que se encaixa perfeitamente na atmosfera do jogo. As performances dos personagens estão excelentes, e realmente consegui sentir toda a angústia e emoções que James enfrenta. É uma experiência profundamente emocional.

Revisitar essa nova versão de Silent Hill 2 nos lembra porque gostamos tanto desta série. É uma história que explora temas profundos acerca da fraqueza humana, que te faz refletir e, ao mesmo tempo, provoca medo.

Ele supera todas as expectativas e coloca a franquia de volta ao topo — um lugar de onde nunca deveria ter saído.

Silent Hill 2 Remake foi adquirido via Steam no PC para a realização desta análise.