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Shiva é um dos deuses mais importantes e reverenciados do hinduísmo. Em sânscrito, seu nome significa “O Auspicioso” – ou seja, aquele que dá esperança. Também é conhecido como “Benigno” (Shambu), “Beneficente” (Shankara) e “Grande Deus” (Mahadeva). Shiva está associado ao tempo, à fertilidade e à criação.
Ele é considerado o deus supremo pela seita shaivista. Chamado de Senhor Shiva pelos indianos, ele carrega consigo alguns títulos, entre os quais o de grande professor, senhor da dança e primeiro yogue.
Ao lado de Brahma e Vishnu, faz parte da sagrada trindade, chamada trimúrti. Cada um dos deuses do triunvirato é responsável por um aspecto da criação, cabendo a Shiva a função de destruir o universo para que ele possa ser transformado. Juntos, esses deuses representam as leis da natureza e o ciclo sem fim do tempo.
A história do deus Shiva
O nascimento dos deuses do triunvirato é um verdadeiro mistério. Em relação a Shiva, há diferentes versões sobre seu nascimento.
Shiva pode ser encarado como uma divindade absoluta. Ou seja, ele não nasce nem morre. Vive desde sempre e viverá para sempre. Por isso, não faz sentido pensar em nascimento ou nas figuras de pai e mãe quando se trata de Lord Shiva, que também é chamado de Adi-Dev: o deus mais antigo de todo o panteão hindu.
O mito de Parvati, esposa do deus Shiva
Shiva é casado com Parvati. Se Shiva é conhecido como o “Grande Deus”, Parvati é a Deusa Mãe da religião hindu. Segundo a tradição, toda revelação masculina do poder divino tem a sua compensação feminina. A isso se dá o nome de shakti, que num nível mais profundo é a própria fonte de toda a energia e de todo o cosmos. Na mitologia, a deusa Parvati é a personificação de shakti.
O mito envolvendo a origem da esposa de Shiva é bastante curioso. Na verdade, Parvati é a reencarnação da deusa Sati, cujo nome significa “Mulher Virtuosa”. O pai de Sati, o sábio Daksha, era contrário ao casamento da filha com Shiva. Por isso, não convidou Shiva para uma cerimônia de sacrifício da qual participariam todos os deuses. Todos os deuses menos Shiva.
A ofensa foi intolerável para Sati, que tomou a decisão extrema de se atirar ao fogo sacrificial durante a cerimônia. Shiva ficou possesso de raiva. Criou dois demônios de seu próprio cabelo. Esses demônios aterrorizaram a cerimônia – além de destruírem tudo, decapitaram Daksha.
Diante dos apelos dos outros deuses, Shiva acabou recuando. De cabeça menos quente, aceitou que Daksha voltasse a viver – mas Daksha voltou com cabeça de carneiro. Sua amada Sati também reencarnou, mas sob a forma da deusa Parvati, com quem Shiva se casou.
Como “nasceu” Ganesha, filho de Shiva com Parvati
A união de Shiva com Parvati resultou no nascimento de Ganesha. A versão mais difundida do mito do nascimento de Ganesha é bastante curiosa.
Diz a lenda que Shiva era um marido muito ausente. E Parvati, sentindo-se muito só, acabou se descuidando de sua própria higiene pessoal. Do acúmulo da sujeira de seu próprio corpo, Parvati moldou seu filho, Ganesha. Agora, com Ganesha, Parvati tinha com que se ocupar durante a longa ausência de Shiva. Assim, pode-se dizer que Ganesha não nasceu, mas foi criado.
Quando Shiva chegou em casa, deu-se uma enorme confusão. É que Parvati estava tomando banho, e o menino Ganesha ainda não conhecia Shiva. O menino, desconfiado, impediu que o homem desconhecido entrasse em casa. E o pai, furioso, sem saber que se tratava de seu filho, cortou a cabeça de Ganesha.
Quando Parvati saiu do banho, ficou completamente desesperada. E Shiva, para consertar o erro, saiu de casa decidido a encontrar uma nova cabeça para o filho. Shiva caçou um elefante, o primeiro animal que lhe aparece pela frente. Foi assim que Ganesha, deus adorado como Senhor do Povo, ganhou sua cabeça de elefante.
Por que a pele de Shiva é azul?
O hinduísmo é repleto de simbologias. Nada é por acaso. Nem a cor da pele de Shiva, que tem origem no veneno que ele ingeriu para salvar a todos.
Diz a lenda que no início dos tempos havia um oceano de leite, centro dos sete oceanos, chamado Kshira Sagara. Nessa época, deuses (devas) e demônios (asuras) habitavam a Terra. Eles descobriram que nas profundezas do oceano de leite havia a cobiçada amrita (ambrosia ou néctar), substância que tinha o poder mágico da vida eterna.
Mas como acessar a fonte da eternidade? A ideia que eles tiveram foi genial. Eles pegaram uma montanha, chamada Mandara, e amarraram a grande serpente Vasuki nela como uma corda. O objetivo dessa engenhoca era movimentar o líquido a fim de produzir um redemoinho. Com isso, poderiam acessar o conteúdo submerso no leite e quem sabe encontrar o néctar da eternidade.
Primeiro, os devas puxavam a “corda”, depois era a vez dos asuras. E assim sucessivamente, até que o oceano começasse a revelar seu conteúdo mais obscuro. Dentre os inúmeros tesouros, o oceano também revelou halahala, o veneno mais mortal do mundo, que se encontrava justamente ao lado da amrita.
Para evitar que a amrita fosse contaminada com a substância mortal, Shiva engoliu o veneno. Parvati conseguiu apertar o pescoço do marido, impedindo que o veneno se espalhasse por todo o corpo. O líquido era tão poderoso que queimou a garganta de Shiva, que por causa disso adquiriu a tonalidade azul.
Em muitas representações do deus, no entanto, vemos que o azul foi adotado como coloração de todo o seu corpo.Outras representações trazem Shiva na coloração branca.
Significado do terceiro olho de Shiva
Um dos traços físicos de Shiva que mais chamam a atenção é o seu terceiro olho. Diferentemente dos nossos olhos, que captam as coisas iluminadas que aparecem de nós, o terceiro olho de Shiva é capaz de captar coisas extra-sensoriais. Ou seja: ele vê o que nós, meros mortais, somos incapazes de ver.
Enquanto nossos olhos são voltados para fora, o terceiro olho de Shiva é voltado para dentro. Ele olha para a interioridade, para a existência. Por isso, o olho de Shiva é associado à sabedoria e à verdade. Ele consegue ver as coisas tais como elas são, sem as influências da memória e do carma.
Shiva: primeiro yogue do mundo e Senhor da Dança
O yoga está intimamente ligado ao deus Shiva. Mais precisamente, Shiva foi o primeiro yogue do mundo. Foi ele quem revelou essa ciência espiritual ao mundo, após um período em que o deus foi subitamente invadido por acessos inexplicáveis de agitação e silêncio. Ora Shiva dançava, ora Shiva se sentava e permanecia completamente imóvel.
Quando essa espécie de transe terminou, Shiva começou a ensinar as técnicas para os outros deuses. A primeira aluna foi sua esposa Parvati.
Além de mestre de yoga, Shiva também é conhecido como Senhor da Dança. Há inúmeras representações do deus dançando. Suas danças têm vários propósitos e simbolizam aspectos importantes da natureza do deus Shiva, como a proteção, a criação e a destruição.
A imagem acima mostra uma escultura do século XI representando Lord Shiva dançando. Com a mão direita superior, Shiva segura o tambor da criação (damaru). Com a mão direita inferior, Shiva faz o famoso gesto da mão espalmada (abhayamudra). Com esse gesto, o deus pretende atenuar o medo.
Mas Shiva também está ligado à destruição. Por isso, com sua mão esquerda superior ele segura o fogo (agni). Com a outra mão esquerda, Shiva aponta para sua perna esquerda (um gesto que representa o alívio para almas atormentadas). Se você reparar bem, verá que Shiva está pisando numa criatura com seu pé direito. Essa criatura representa a ilusão, que afasta as pessoas do caminho da salvação.
A destruição é um dos principais aspectos da natureza de Shiva. A dança associada a isso é a Tandav, que deve ser feita ao final de uma era com a finalidade de destruir o cosmos para que depois ele seja reconstruído pelo deus Brahma.
Um dos símbolos mais importantes de Shiva é o lingam, que em sânscrito significa “sinal”. O lingam é um objeto de reverência no hinduísmo associado ao falo do próprio deus Shiva. Ele simboliza a fertilidade e a energia divina. Junto ao yoni, símbolo feminino, simboliza a união feminino com o masculino.
A adoração ao lingam tem a ver com uma história envolvendo Shiva e os sábios rishis. Certa vez, Shiva foi viver com os sábios na floresta. As mulheres dos rishis ficaram encantadas com Shiva. Enraivecidos, os rishis lançaram uma maldição sobre Shiva, que resultou na queda de seu órgão genital.
Mas o impacto dessa queda foi tão grande que deu início a uma sucessão de terremotos. Assustados, os rishis pediram perdão ao deus. O perdão foi concedido, e os terremotos cessaram. Em contrapartida, Shiva ordenou aos rishis que seu falo passasse a ser adorado.
Até hoje, em templos sagrados dedicados ao deus Shiva, estátuas cilíndricas representando o lingam são objeto de culto. Em alguns casos, o lingam fica instalado sobre outro objeto, que tem o formato da vulva, e que simboliza o yoni.
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