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Um estudo conduzido pela Universidade do Texas em Austin revela dados sobre a diversidade de dinossauros e aves na Patagônia durante o Cretáceo Superior, pouco antes da extinção dos dinossauros não aviários.
Os fósseis representam o primeiro registro de terópodes – um grupo de dinossauros que inclui pássaros modernos e seus parentes dinossauros não aviários mais próximos – da porção chilena da Patagônia. As descobertas dos pesquisadores incluem megaraptors gigantes com grandes garras em forma de foice e pássaros do grupo que também inclui as espécies modernas de hoje. O estudo foi publicado no Journal of South American Earth Sciences.
“A fauna da Patagônia que antecedeu a extinção em massa era realmente diversa”, disse a pesquisadora Sarah Davis, principal autora, que concluiu o trabalho como parte de seus estudos de doutorado com a professora Julia Clarke no Departamento de Ciências Geológicas da Escola de Geociências da UT Jackson, nos Estados Unidos. “Você tem seus grandes carnívoros terópodes e carnívoros menores, bem como esses grupos de pássaros coexistindo ao lado de outros répteis e pequenos mamíferos”, afirmou em comunicado.
Para construir um registro da vida antiga da região da Patagônia, os especialistas se juntaram a colaboradores do Chile para a coleta de fósseis. Ao longo dos anos, os pesquisadores encontraram abundantes fósseis de plantas e animais anteriores ao impacto do asteroide que matou os dinossauros.
O estudo se concentra especificamente nos terópodes, com fósseis datados de 66 a 75 milhões de anos atrás. Os dinossauros terópodes não aviários eram principalmente carnívoros e incluíam os principais predadores da cadeia alimentar. Este estudo mostra que na Patagônia pré-histórica, esses predadores incluíam dinossauros de dois grupos – megaraptors e unenlagiines.
Alcançando mais de 7 metros de comprimento, os megaraptores estavam entre os maiores dinossauros terópodes da América do Sul durante o Cretáceo Superior. Os unenlagiines – um grupo com membros que variavam do tamanho de uma galinha a mais de 3 metros de altura – provavelmente estavam cobertos de penas, assim como seu parente próximo, o velociraptor. Os fósseis unenlagiinae descritos no estudo são a instância conhecida mais ao Sul desse grupo de dinossauros.
Os fósseis de aves também eram de dois grupos – enantiornitinos e orniturinos. Embora agora extintos, os enantiornitinos eram as aves mais diversas e abundantes milhões de anos atrás. Estes pareciam pardais – mas com bicos alinhados com dentes. O grupo ornithurae inclui todas as aves modernas que vivem hoje. Os que viviam na antiga Patagônia podem ter se parecido com um ganso ou pato, embora os fósseis sejam fragmentados demais para se ter certeza.
Processo de identificação
Os pesquisadores identificaram os terópodes a partir de pequenos fragmentos fósseis. Os dinossauros foram classificados principalmente por dentes e dedos, já os pássaros, por meio de pequenos pedaços de osso. Segundo Sarah, o brilho do esmalte nos dentes dos dinossauros ajudou a localizá-los no terreno rochoso.
Pesquisadores sugerem que o hemisfério Sul enfrentou mudanças climáticas menos extremas ou mais graduais do que o hemisfério Norte após o impacto do asteroide. Esse fator pode ter feito da Patagônia e de outros lugares do hemisfério Sul um refúgio para pássaros, mamíferos e outras formas de vida que sobreviveram à extinção.
Os especialistas esperam que o estudo recente possa contribuir para a investigação desta teoria, construindo um registro da vida antiga antes e depois do evento de extinção.
Co-autor do estudo, Marcelo Leppe, diretor do Instituto Antártico do Chile, afirma que os registros do passado são a chave para entender a vida como ela existe hoje.
“Ainda precisamos saber como a vida se abriu naquele cenário apocalíptico e deu origem aos nossos ambientes meridionais na América do Sul, Nova Zelândia e Austrália”, afirmou em comunicado. “Aqui os terópodes ainda estão presentes – não mais como dinossauros tão imponentes quanto os megaraptorídeos – mas como a diversidade de pássaros encontrados nas florestas, pântanos e mangues da Patagônia, na Antártida e na Austrália”.
A pesquisa foi financiada pela National Science Foundation, a Agência Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Chile e a Jackson School of Geosciences. Participam da investigação pesquisadores da Universidade do Chile, Major University, Universidade de Concepción e do Museu Nacional de História Natural do Chile.
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