Receber um filhote de cão ou gato em casa é sempre uma mistura de desafio e alegria. Seja ele fruto de um dos pets da família, um presente especial ou até um bichinho que você adotou, essa nova companhia precisa de cuidados especiais para se adaptar ao novo lar e crescer saudável.
Cada detalhe conta para oferecer o melhor início possível para o seu novo amigo. Nos primeiros dias de vida, o ideal é que o filhote seja amamentado pela mãe, recebendo todos os nutrientes essenciais através do leite materno. Essa fase inicial é crucial, pois o leite materno contém colostro, um composto nutritivo que garante a imunidade do filhote, protegendo-o contra várias doenças.
A médica-veterinária, Anelise Espinar, esclarece que, na ausência da mãe para amamentar, é possível recorrer a um suplemento de leite artificial. Esse suplemento deve ser recomendado e dosado de acordo com o peso dos filhotes por um veterinário. Há diversas marcas disponíveis no mercado, no entanto, é importante lembrar que nenhuma fórmula artificial pode igualar a qualidade nutricional do leite materno. “Além de fornecer o leite artificial, é essencial cuidar dos filhotes como a mãe faria. Isso inclui limpar e estimular os filhotes a defecar e urinar, já que essa função também seria desempenhada pela mãe”, sinaliza Anelise.
Para isso, durante as primeiras semanas, o dono deve utilizar um algodão umedecido com água morna para massagear suavemente a área genital do pet. Esse movimento imita as lambidas da mãe e deve ser feito cerca de 10 vezes ao dia. Isso ajuda a evitar desconfortos, cólicas e possíveis complicações.
Se o filhote for uma doação e ainda estiver com poucos dias de vida, é crucial aguardar o período de 45 dias para retirá-lo dos cuidados da mãe, quando já está desmamado. Após o desmame, é importante fazer a introdução gradual de ração para filhotes de boa qualidade, começando com a ração amolecida em água, já que o filhote ainda não tem a dentição completa para mastigar a ração seca. Ofereça pequenas porções de ração de três a quatro vezes ao dia, além de manter água fresca e filtrada disponível à vontade. Nesse primeiro momento, é muito importante ter o acompanhamento de um médico-veterinário de confiança, para que este possa dar recomendações ajustadas às necessidades do filhotinho.
Além da alimentação, manter o ambiente limpo e seguro é igualmente importante
Proporcione um local quentinho para que o filhote possa descansar. As vasilhas de água e comida devem ser higienizadas e lavadas diariamente com água e sabão. Remova fezes e urinas regularmente e use um desinfetante apropriado para evitar contaminação e intoxicação por produtos que possam ser nocivos à saúde do filhote.
Por serem pequeninos, os cuidados devem ser ainda mais rigorosos. Acompanhe de perto se o filhote está se alimentando corretamente, sua atividade ao longo do dia e até sua respiração. Sinais como vômito ou diarreia podem ser preocupantes e precisam ser comunicados ao veterinário sem demora. Essa atenção contínua é essencial para garantir o desenvolvimento saudável e seguro do seu pet.
Outro ponto importante, é a vacinação e a vermifugação dos pets.
A vermifugação, pode ser iniciada a partir de 30 dias de vida para cães e 60 dias para gatos, ela serve para eliminar os vermes intestinais. Para isso é recomendado que o dono leve o animal para uma consulta, onde o veterinário definirá o esquema de vermifugação mais adequado, levando em conta os tipos de vermes e protozoários que precisam ser eliminados.
“É importante lembrar que nenhum vermífugo é realmente de dose única; sempre há necessidade de repetições. No caso dos filhotes, várias doses são administradas até que se tenha certeza de que não há mais presença de vermes ou protozoários”, reforça a doutora Anelise. Jamais automedique o pet, pois isso é extremamente perigoso para a saúde do seu bichinho.
Sobre a vacinação, para cães, o ciclo começa aos 45 dias de vida, com três doses da vacina V8 ou V10, administradas com intervalos de 21 a 28 dias. “Indico também fazer duas doses da vacina de giárdia que mesmo não sendo obrigatórias ou essenciais, no caso de um filhote ser contaminado pela giardíase o risco de óbito é muito grande por isso vale a pena a vacinação para este protozoário”, diz a veterinária. Além disso, os cães devem receber uma dose da vacina contra gripe e outra da vacina antirrábica.
Já para os gatos, o esquema vacinal começa aos 60 dias de vida com a primeira dose da vacina V4, seguida de duas doses da vacina V5, que inclui proteção contra a leucemia viral felina (FeLV), com intervalos de 28 dias entre as doses. Por fim, uma dose de vacina antirrábica é aplicada. Lembrando que todas as vacinas precisam de reforço anual.
O acesso à rua, contato com outros animais, passeios em ambientes externos e visitas ao banho e tosa ou pet shop só são recomendados 15 dias após a terceira dose da vacina antiviral — V10 para cães e V5 para gatos. Anelise ressalta que, ao ter acesso à rua, os pets ficam mais expostos a ectoparasitas, como pulgas e carrapatos. Por isso, a prevenção mensal com medicação apropriada é essencial para garantir a saúde e o bem-estar do seu animalzinho.
Criar um filhote exige dedicação, mas também proporciona uma das experiências mais recompensadoras da vida. Ao acompanhar o crescimento do seu pet, lembre-se: cada fase é uma oportunidade de aprendizado e afeto. Que tal refletir sobre a jornada de cuidados e como ela pode ensinar sobre responsabilidade, empatia e amor incondicional? Afinal, cuidar de um filhote é também cuidar de si mesmo e do que há de mais puro na relação com os animais.