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Controle das colônias de gatos é um desafio para protetores e órgãos de saúde pública

Controle das colônias de gatos é um desafio para protetores e órgãos de saúde pública

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Uma colônia de gatos é resultado da falta de controle populacional dos felinos, somado aos anos de abandono animal. Parques e praças são os ambientes urbanos mais afetados. Afinal, esses lugares são os mais próximos daquele que um dia foi o habitat natural dessa espécie. No entanto, esse é um fenômeno exclusivo dos gatos. Ao contrário dos cães, as gatas não castradas podem ter de três a quatro gestações por ano, com ninhadas que variam de quatro a seis filhotes por vez. Já as cadelas engravidam duas vezes por ano e geram menos filhotes.

Além dos fatores biológicos, a capacidade de sobrevivência dos felinos nesses ambientes e o poder de caça deles são ainda mais acentuados, contribuindo para a expansão do grupo. Esse detalhe também os diferenciam daqueles criados fora da colônia e eles ganham um nome: gatos ferais – que significa “de comportamento selvagem” e perigoso. Mas esse não é o único risco. Doenças transmissíveis para os humanos e até impactos ambientais são outros problemas gerados por uma colônia.

Nessa reportagem especial do Patas da Casa, reunimos o depoimento de especialistas, além de vários estudos que abordam esse fenômeno e a atuação dos protetores e órgãos de saúde pública pelo controle das colônias. Acompanhe.

Independência e reunião de felinos é o que caracteriza uma colônia de gatos

Para começo de conversa, o que é uma colônia de gatos? É o agrupamento de felinos em um determinado território. Geralmente, essa reunião tem um objetivo: a sobrevivência de uma espécie em comum. Vitor Ribeiro Franco, Cientista Ambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica: “Os gatos buscam a socialização e desenvolvem ligações com membros de sua espécie e vão se aglomerando. Como eles são ótimos caçadores e o crescimento populacional da espécie é acelerado, nascem as colônias.”

E para que os gatos possam viver em harmonia, é preciso seguir algumas normas: “Dentro das colônias existem diversas interações sociais, como as lutas, cópulas, toques e aproximações. Além de ‘regras’ hierárquicas”, esclarece.

Esse agrupamento não é uma exclusividade do Brasil e existem várias colônias ao redor do mundo. Na Itália, por exemplo, existe um santuário de gatos no histórico Largo di Torre Argentina. Entretanto, a diferença está no controle populacional por órgãos públicos. Ainda não há uma política específica e eficaz por aqui.

Zoonoses e desequilíbrio ambiental são os riscos de uma colônia felina

As zoonoses de cães e gatos (principalmente de felinos) é o maior risco de uma colônia. Esses gatos, geralmente, não recebem proteção contra doenças e se tornam transmissores. Mas como ainda estão inseridos em um espaço urbano, eles podem infectar os humanos – e outros animais. Vitor Franco cita duas zoonoses conhecidas: a Raiva e a Toxoplasmose. Ele complementa e expõe outras situações perigosas: “Uma colônia de gatos em área urbana também pode causar acidentes de trânsito e, raramente, ataques a humanos”.

O meio ambiente também sofre consequências: “Os gatos são predadores de diversas espécies nativas de um local e também são competidores de espécies caçadoras locais, o que resulta em um desequilíbrio ambiental. Eles também se tornam os principais causadores de declínio de determinadas espécies em diversos locais, principalmente em ambientes insulares (cercados de água)”.

A pesquisa “A avaliação da presença de gatos (Felis catus L.) em áreas de entorno da área de proteção ambiental em uma ilha brasileira”, desenvolvida pela médica veterinária Débora Luíza Pacheco Pereira, ilustra isso: após estudar a presença de gatos domésticos e de colônia na Ilha do Mel, no Paraná, ela aponta que eles impactam na população das presas caçadas, além de representar uma ameaça significativa para aquele ecossistema.

O destino de gatos de colônias: maus-tratos, doenças e curta expectativa de vida

Por outro lado, os gatos de colônias também estão suscetíveis a diversos perigos. Conversamos com Giovana Valente, uma das voluntárias do Gatos da Quinta (@gatosdaquinta), no Rio de Janeiro, e ela relata que a negligência humana é a maior ameaça. Tutores que estimulam o ataque dos cães contra os felinos, por exemplo, é o risco mais comum. Mas envenenamento e atropelamento também são recorrentes. Além de outros tipos de maus tratos. “Jogam fora a comida deixada para os gatos e depredam as moradias que abrigam os felinos da chuva”, diz.

As doenças de gato mais perigosas também impactam na qualidade de vida desses animais. “Ainda há a circulação de inúmeras doenças contagiosas, como a FIV, FeLV e a esporotricose (considerada uma Zoonose). Alguns animais não conseguem ser socorridos a tempo pois se escondem quando acometidos por enfermidades”, explica a voluntária.

Protetores lutam pelo controle das colônias e pelo fim do abandono de gatos

Os protetores lutam diariamente contra o desafio de cuidar dos felinos que residem em colônias. Segundo Giovana, o abandono de gatos no parque Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, é diariamente. Toda a alimentação e cuidados desses felinos são feitos por meio de doações e parceria com clínicas veterinárias.

Além disso, o controle é feito por meio do CED, um protocolo de captura, esterilização e devolução do felino para esse habitat. Outra forma de mudar esse cenário, é a doação desses animais na página do projeto. “Tentamos conseguir lares temporários até deixar o animal apto para adoção. Apesar de haver diversos abandonos diariamente no parque, conseguimos reduzir drasticamente o número de novos gatos”.

Mesmo assim, Giovana comenta que faltam programas de controle da colônia. De acordo com ela, a instalação de câmeras e apoio de guardas locais podem evitar o abandono e os maus-tratos, por exemplo, seria uma solução. Um esquema de saúde voltado para esses animais também previne doenças e a reprodução de novas ninhadas: “É preciso a instalação de abrigos e a vacinação dos gatos para reduzir os custos veterinários. Também é necessário a alocação de castramóvel e um sistema de castração gratuito mais simples para que mais pessoas tenham acesso”. Campanhas de conscientização, por outro lado, podem mostrar a responsabilidade da adoção animal e o prejuízo do abandono para a sociedade.

As colônias de gato também são um problema de saúde pública

Além da atuação de ongs e protetores de animais, algumas ações públicas buscam minimizar o crescimento das colônias. O “Castração de Gatos de Vida Livre”, por exemplo, é feito pelo Departamento do Bem-Estar Animal (DEBEA) de Jundiaí, no Estado de São Paulo, e mantém o controle de colônias por meio do monitoramento e da castração e devolução de gatos capturados. Em Florianópolis, o DIBEA (Diretoria de Bem-estar Animal) costuma fazer diversas atividades voltadas para os animais domésticos, como programas de adoção e a castração gratuita de animais de dentro e fora de colônias.

No Rio de Janeiro, o programa “Meu amigo Comunitário” foi uma ação feita em 2019 pela extinta SUPAN (Subsecretaria de Proteção e Bem-Estar Animal) e que realizou a castração dos gatos de colônia do município. No entanto, desde a extinção da SUPAN, em outubro de 2020, não há novas informações sobre o projeto.

Como surgiram as primeiras colônias de gatos?

Não se sabe ao certo como esse fenômeno começou. Mas é certo que o abandono de animais contribui para a formação de uma colônia de gatos. Mesmo assim, algumas respostas podem ser encontradas na história da domesticação de felinos.

De acordo com a pesquisa “Earliest evidence for commensal processes of cat domestication” (Evidência mais antiga para processos comensais de domesticação de gatos), a domesticação dos felinos selvagens começou há pelo menos, cinco mil anos. E o que desencadeou o contato dos gatos com os humanos foi a caça dos roedores presentes em vilarejos do Oriente Médio, que agradou os agricultores locais. Antes disso, não há indícios de colônias.

Em seguida, no Egito Antigo, aconteceu o culto aos felinos. Mas essa fase terminou na Idade Média, com o avanço do Cristianismo, onde gatos eram vistos como seres malignos. Foi nessa mesma época que o mito sobre a sexta-feira 13 e os gatos teve início. Infelizmente, esse senso comum perpetua até hoje e muitos são criados nas ruas. Consequentemente, formam-se as colônias.

Outro detalhe é o número de gatos abandonados. Uma publicação da Universidade de São Paulo (USP) feita em 2021 traz dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e indica que 10 milhões de gatos foram abandonados no Brasil. Isso também contribui para a reunião dos felinos em colônias como meio de sobrevivência nas ruas.

Comportamento dos gatos de colônia é diferente dos demais felinos

A comportamentalista animal Tamires Ramos explicou ao Patas da Casa que o comportamento dos gatos de colônia é bem diferente do comum. Ao contrário da maioria, que são territorialistas, esses felinos vivem juntos por questões de recursos: “Os gatos domésticos formam colônias quando há recursos suficientes disponíveis no território. Havendo abundância, eles podem coabitar nessas áreas harmoniosamente.”

Ela também explica a hierarquia de uma colônia, no qual as fêmeas assumem uma posição matriarcal em prol da espécie. “Chamadas de colônias matriarcais, elas se auxiliam nos cuidados e proteção das ninhadas. Quando os machos começam a atingir a maturidade sexual, eles são expulsos desse território, a fim de promover variedade genética entre os indivíduos.”

Ela aponta, ainda, que é possível domesticar esse felino com alguns cuidados: “Devemos sempre levar em consideração e respeitar as necessidades básicas da espécie durante o processo de socialização, promovendo bem-estar a esses gatos e permitindo que eles continuem expressando comportamentos naturais da espécie.”

Abandono de gatos e maus-tratos contribuem para a formação de uma colônia

A Lei 9.605/98, artigo 32, considera o abandono animal um dos crimes de maus-tratos. Mesmo com a pena de 2 a 5 anos de prisão, muitos deles são deixados nas ruas. O ambientalista Vitor Franco lista alguns motivos: “Mudanças de hábitos, costumes ou estilo de vida. Até as ninhadas não esperadas são abandonadas.” Ele também diz que muitos buscam alternativas criminosas contra as colônias: “Ainda se utilizam da técnica de extermínio com envenenamentos, caça com cães, eutanásia ou introdução de agentes patológicos”.

Mas além de criminoso, o abandono de animais contribui para a formação de colônias e, consequentemente, aumenta os riscos ambientais. Um estudo feito em 2020, chamado “The small home ranges and large local ecological impacts of pet cats” (As pequenas áreas de vida e os grandes impactos ecológicos locais dos gatos de estimação) reitera os efeitos dos gatos nas ruas e afirma que mantê-los em casa pode diminuir esses impactos.

Fortalecer e denunciar casos de maus-tratos (incluindo o abandono) também são medidas populacionais contra as colônias. Escolher um felino como companheiro também! Não há dúvidas de que a adoção é benéfica para o lar e o animal: adotar um gato será a melhor decisão da sua vida, podemos garantir!

Redação: Erika Martins

Edição: Luana Lopes

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