Sim, a centopeia ou lacraia é venenosa! Sua picada é bem dolorosa e libera uma substância que é tóxica para os seres humanos. Geralmente, a picada da centopeia causa vermelhidão, dor e inchaço. Em casos mais graves, o envenenamento pode provocar calafrios, febre e até a necrose da área picada. Por isso, caso veja uma centopeia por aí, jamais tente pegá-la com as mãos.
A gravidade da picada depende de alguns fatores, como a espécie da lacraia, o número de picadas e a sensibilidade da vítima. Na esmagadora maioria dos casos, nada de sério acontece com uma pessoa picada por uma centopeia e os sintomas desaparecem em algumas horas ou dias.
Há apenas um caso confirmado de morte após picada de lacraia em toda literatura médica: uma menina filipina de sete anos, picada na cabeça por uma lacraia do gênero Scolopendra.
O que é a centopeia?
Centopeia, também conhecida como lacraia, é um animal que possui um corpo comprido e achatado, dividido em numerosos segmentos (de 15 a 191), cada qual dotado de um par de patas. Há cerca de 3300 espécies de centopeias descritas. Seu tamanho varia de 3 a 26 centímetros.
Mas o que mais chama a atenção nas centopeias é seu grande número de patas. Daí seu nome popular: centopeia (do latim centipeda, “cem pés”). Mas será que a centopeia tem mesmo 100 pés?
Quantas pernas tem a centopeia?
Centopeias não têm exatamente 100 pés. Na verdade, o número varia de acordo com a espécie e com o número de segmentos do animal. Como já dissemos, há centopeias com 15 e há centopeias com 191 anéis. Se cada anel tem um par de patas, o número de “pernas” de uma centopeia pode variar de 30 a 382.
Do que se alimenta?
Centopeias são animais predadores e carnívoros. Suas presas preferidas são bichinhos: larvas de besouros, insetos, minhocas e vermes. Espécies maiores, como a Scolopendra gigantea, chegam a caçar lagartos, sapos, morcegos, pássaros e ratos.
Centopeias locomovem-se com muita agilidade e não costumam dar muitas chances para suas presas. Quando elas encontram uma vítima, põem em ação suas garras de veneno (chamadas forcípulas). A inoculação do veneno deixa a presa atordoada e imóvel. Depois disso, as lacraias se enrolam em suas vítimas. A ingestão se dá por meio de suas mandíbulas, com as quais elas sugam todo o alimento.
Onde vive?
Diferentes espécies de lacraias se distribuem por todos os lugares do mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, há cerca de 145 espécies, sendo 10 delas especialmente perigosas, como a Scolopendra viridicornis e a Scolopendra subspinipes.
Centopeias vivem em ambientes úmidos, sendo encontradas geralmente sob folhas, entulhos, vasos, cascas de árvores e pedras. Se o ambiente for úmido e escuro, as lacraias adoram!
Elas também podem ser encontradas dentro de casa. Aliás, é dentro de casa onde ocorre a maioria dos acidentes envolvendo lacraias, que podem se esconder sob as roupas e até mesmo debaixo dos lençóis da cama. Um encontro como esse, além de não ser nada agradável, pode ser bastante doloroso!
Mas por mais assustadores que sejam esses bichinhos, eles têm uma importância ecológica que não pode ser desconsiderada. Como predadoras, as centopeias ajudam a regular a população de insetos, por exemplo. Sabe a baratinha que às vezes aparece em casa? Ela é alimento das centopeias.
Classificação científica da centopeia e a diferença entre quilópodes e diplópodes
Centopeias são quilópodes que pertencem ao filo dos artrópodes. Calma, já vamos explicar o que isso significa:
- Artrópodes são animais invertebrados (ou seja, não desenvolvem coluna vertebral) e possuem esqueleto externo (chamado de exoesqueleto). Insetos, por exemplo, são artrópodes. Mas a centopeia não é um inseto. Como já dissemos, ela é um quilópode.
- Quilópodes são animais que pertencem ao subfilo dos miriápodes, ao qual também pertencem os piolhos de cobra (diplópodes). Miriápodes são animaizinhos que têm um grande número de pernas. Além da cabeça, possuem um tronco alongado.
- A diferença básica entre os quilópodes (centopeias) e diplópodes (piolhos de cobra) é que os diplópodes, como o próprio nome sugere, possui dois pares de patas em cada anel do seu corpo. Ao passo que os quilópodes só possuem um par de patas. Além disso, piolhos de cobra não picam.
Quer saber mais? Leia: Piolho de cobra: tire todas as suas dúvidas sobre esse estranho animal
Alguns tipos de centopeias
Centopeia doméstica
Conhecidas como centopeias domésticas, as centopeias da espécie Scutigera Coleoptrata é nativa da região do Mediterrâneo mas pode ser encontrada em diversas regiões do mundo, com preferência pelos climas mais temperados. Seu nome popular já indica que esses animaizinhos geralmente são encontrados dentro de casa.
Por causa da umidade, as centopeias domésticas preferem viver nos banheiros. São muito ágeis e têm entre 1 e 6 cm de comprimento. Caso se sintam ameaçadas, podem picar, embora esses pequenos animais sejam bem menos agressivos do que as centopeias do gênero Scolopendra.
Centopeia gigante
A Scolopendra gigantea é a maior espécie de centopeia que existe. Também conhecida como centopeia gigante peruana, ela pode ser encontrada em florestas tropicais no norte da América do Sul, em países como Brasil, Peru e Venezuela. Dizem que um indivíduo dessa espécie pode chegar a 30 cm de comprimento. O maior já encontrado, e que figura no Guinness, tinha espantosos 26 cm!
Além de grandes, essas lacraias são bem agressivas, e seu veneno pode causar problemas mais sérios aos seres humanos. Indivíduos dessa espécie são capazes de comer animais como morcegos e rãs. Na Venezuela, lacraias gigantes foram vistas caçando morcegos nos tetos das cavernas!
Centopeia gigante da Amazônia
Tal como outras lacraias do gênero Scolopendra, a centopeia gigante da Amazônia (Scolopendra viridicornis) é conhecida por sua agressividade e pelo seu tamanho. É a espécie mais comum no Brasil. Um indivíduo dessa espécie pode atingir mais de 10 cm de comprimento.
Em 1946, um biólogo alemão em 1946 fez experimentos para analisar o comportamento de uma centopeia gigante brasileira. Para isso, colocou centopeias no mesmo espaço de camundongos. Elas agarravam-se aos camundongos por cerca de cinco minutos, ao longo dos quais desferiam várias picadas, inoculando uma grande quantidade de veneno.
O pesquisador notou que, apesar das picadas produzirem edemas pequenos, o veneno afetava o sistema nervoso central dos camundongos, que morriam em decorrência de paradas respiratórias.
O que fazer em caso de acidente?
Apesar do veneno da lacraia ser pouco tóxico para os seres humanos, sua picada é bem dolorida e pode causar incômodos. Por isso, o Instituto Vital Brazil, laboratório oficial do governo do Rio de Janeiro, recomenda que, em caso de acidente envolvendo esses animais, o melhor a fazer é manter o local da picada o mais limpo possível e procurar orientação médica.
Como evitar que as lacraias apareçam dentro de casa?
Para evitar o aparecimento desses animais dentro de casa, o Instituto Vital Brazil dá algumas dicas:
- Limpar os ralos e mantê-los fechados quando não estiverem sendo usados.
- Limpar e fechar caixas de gordura e esgotos.
- Manter os jardins limpos e afastar as plantas trepadeiras das casas.
- Evitar usar porões ou armazéns como depósitos para objetos velhos.
- Sempre fechar frestas em muros e calçamentos – as lacraias gostam de se esconder nesses lugares.
- Importante lembrar: lacraias gostam de se esconder em lugares úmidos. Portanto, sempre é bom manter a casa arejada e seca.
Gostou desse conteúdo? Então vai gostar destes também: