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É bem comum confundir gato feral com um gato selvagem ou arisco. Mas há uma diferença entre um e outro. Primeiro que o selvagem é uma subespécie felina, como onças, jaguatiricas e gato-do-mato. Já o arisco desenvolve esse comportamento por medo. Ele ainda é capaz de conviver com outros humanos e animais, mas de maneira defensiva. Já os gatos ferais entram em outra classificação: normalmente eles foram criados nas ruas que não passaram por uma socialização com indivíduos durante a fase de filhote e, consequentemente, se tornam adultos hostis com humanos. Muito se discute se isso é reversível ou ele permanecerá com esse comportamento pelo resto da vida. Mas afinal, um gato feral pode ser domesticado e ser inserido na rotina de um lar?
O comportamento de gatos ferais é semelhante ao de um gato selvagem
Afinal, o que é um gato feral? “Os gatos considerados ferais possuem comportamentos e instintos tal qual um gato selvagem. Sendo assim, obtém a alimentação única e exclusivamente pela caça. Também se reproduzem por conta própria e não dependem dos humanos para nada no que diz respeito à sobrevivência”, explica a especialista a veterinária Tamires Ramos.
Mas além deles, existe outra classificação felina de comportamento: o gato semi-feral. Como o nome já diz, ele tem algumas atitudes selvagens de sobrevivência. Mas a fonte de alimentação não vem da caça. “Os gatos semi-ferais podem ser animais que já nasceram nas ruas ou foram abandonados. Como alguns deles não tiveram um processo de socialização com humanos e vivem nessas condições adversas, acabam tendo receio da aproximação das pessoas. Esse tipo de gato é dependente dos humanos, pois consome restos de alimentos ou até mesmo é alimentado por nós.” Esse é o caso de colônias de gatos em meios urbanos, como parques, em que protetores que se dedicam ao cuidado com a alimentação deles.
Um gato feral pode ser domesticado?
A diferença entre um feral e as raças de gatos selvagens que vivem isolados na natureza é que o primeiro grupo pode, sim, ser domesticado, mas esse é um processo repleto de desafios, pois ele não teve a correta socialização com humanos. “É um processo que exige paciência e dedicação por parte dos adotantes. Devemos sempre lembrar que esses gatos não tiveram (ou tiveram muito pouco) contato com os humanos”, reafirma a veterinária Tamires Ramos.
Ela explica que qualquer interação deve ser cuidadosa. “As aproximações devem ser positivas, consistentes e previsíveis para esses animais, sempre respeitando o tempo e espaço deles. Se possível, contar com ajuda profissional para que o processo de socialização seja ainda mais eficaz e seguro.”
Vídeo mostra o desenvolvimento social de gato feral que foi resgatado e adotado
Gatos ferais cresceram nas ruas e o resgate nem sempre é fácil
Para resumir, o significado de gato feral quer dizer “que fugiu da domesticidade e voltou à vida selvagem”. No entanto, eles ainda vivem em ambiente urbano. Com certeza você já cruzou com um desses e nem sabe. Apesar deles viverem em parques ou locais abandonados, Tamires reforça que o contato demanda o manejo adequado, principalmente em caso de resgate: “Assim como a domesticação é um processo que exige paciência, o manejo de gatos encontrados na rua também. Caso a pessoa resolva fazer a captura e adoção, ela deve ser feita com o máximo de cuidado possível, visando a segurança de ambos e minimizando possíveis traumas emocionais que esse gato venha sofrer.”
O preparo da armadilha deve ser minucioso. “Deve ser montada em um local estratégico para garantir a eficácia do processo. Cada caso deve ser avaliado de forma individual, mas a depender do animal, também pode ser realizado um processo chamado CED (captura, esterilização, devolução), que consiste em realizar a captura desses animais, castrar e soltura no mesmo ambiente”, afirma Tamires. A castração de gatos ferais visa o controle populacional de animais abandonados na rua e normalmente é mediado por protetores, ongs de proteção animal e políticas de saúde pública.
Gato feral ou arisco?
Gatos ferais são biologicamente iguais a qualquer felino doméstico – ou seja, não são classificados como gatos selvagens. “Geneticamente, são iguais. O que difere um do outro é apenas o comportamento, principalmente relacionado à aproximação com os humanos. Visto que os gatos ferais não têm nenhum (ou quase nenhum) contato com os humanos. Já os gatos domésticos aprenderam a viver com os humanos e dependem exclusivamente deles”, explica Tamires.
Diferente de um gato mais arisco ou medroso, o gato feral sabe se virar sozinho, pois foi criado longe da rotina e aconchego de um lar. Já o gato medroso teve esse contato, mas a socialização foi inadequada.
“São gatos que não tiveram contatos positivos com os humanos desde filhotes. Podem viver nas ruas em situações de abandono e dependem de certa forma do ser humano para sobreviver (seja através de pontos de alimentação disponibilizados por humanos ou consumindo restos de alimentos). Costumam ter receio do contato humano devido ao fato de nós sermos naturalmente ‘predadores’. Além de possíveis experiências prévias negativas”. Ou seja, ao contrário dos ferais, como pegar gato arisco pode ser menos complicado. Mas ainda exige uma estratégia cuidadosa.
Redação: Erika Martins
Edição: Luana Lopes