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Deus Odin: 10 curiosidades sobre a divindade adorada pelos vikings

Deus Odin: 10 curiosidades sobre a divindade adorada pelos vikings


Odin é o principal deus da mitologia nórdica, comparável ao Zeus da mitologia grega. Para os povos escandinavos durante a Era Viking (século VIII ao XI) e também para algumas tribos germânicas, Odin era o Pai de Todos – ou seja, a divindade suprema, o mais sábio dentre todos os deuses, e também o mais poderoso.

Odin é onisciente (sabe tudo) e com seu cavalo Sleipnir pode chegar rapidamente a todos os lugares. Chefe do clã Aesir, Odin é o deus da guerra, dos mortos, da magia, da poesia e do alfabeto rúnico. Junto de seus irmãos, criou o mundo e a humanidade.

Odin
Ilustração de W.G. Collingwood para uma edição da Edda Poética de 1908.

Para conhecer melhor esse deus tão poderoso, vejamos algumas curiosidades a seu respeito.

1. Odin era conhecido por muitos nomes

A lista de nomes pelos quais os povos escandinavos e germânicos conheciam Odin é extensa. Eis alguns (apenas alguns) desses nomes, de acordo com o historiador norueguês Peter Andreas Munch:

  • Ygg, O Horrível
  • Gagnrad, Aquele que Determina as Vitórias
  • Herjan, Deus das Batalhas
  • Har, O Alto
  • Bileyg, Aquele que Tem Olhos Evasivos
  • Baleyg, Aquele que Tem Olhos Flamejantes
  • Gaut, O Criador
  • Valfather, Pai dos Mortos

Em alemão antigo, Odin era Wotan. Em inglês antigo, Woden.

2. Odin é filho de uma gigante e seu avô foi descongelado por uma vaca

Para entendermos como Odin nasceu, e os eventos curiosos de sua genealogia, precisamos recuar à gênese dos primeiros seres da mitologia nórdica.

Na mitologia nórdica, o primeiro ser vivo chamava-se Ymir, gerado a partir do encontro do vento frio com o vapor quente. Foi Ymir quem deu origem à raça de gigantes que povoou o mundo antes do surgimento dos primeiros deuses.

Audumla mitologia nórdica
Enquanto Ymir se alimenta, Buri é descongelado por Audumla. Autor: Nicolai Abraham Abildgaar.

Bestla, a mãe de Odin, era filha desses gigantes originais. Já o pai de Odin, Bor, era filho de Buri, um ser não gigante que foi descongelado pela Audumla, a vaca mítica das lendas nórdicas e germânicas. Lambendo um enorme bloco de gelo, Audumla descobriu Buri, pai de Bor e avô de Odin.

Da união de Bor com a gigante Bestla nasceram Vili, Ve e Odin, os primeiros deuses da mitologia nórdica.

3. Odin criou o mundo a partir do corpo de Ymir, o gigante primordial

Ymir, a primeira criatura viva, responsável pela criação da raça de gigantes da qual a mãe de Odin fazia parte, foi morto pelos deuses. Não está claro por que os deuses fizeram isso. Uma das hipóteses diz que o gigantesco Ymir poderia pôr em risco a existência de outras criaturas e dos próprios deuses.

O sangue de Ymir inundou todo o Ginnungagap – o enorme abismo que existia antes da criação do mundo. Era tanto sangue que formou-se um verdadeiro oceano, matando todos os gigantes que lá existiam. Só um casal de gigantes sobreviveu. Esse trecho do mito de criação nórdico faz lembrar a narrativa do dilúvio da Bíblia.

Os deuses, dentre eles Odin, usaram a carne de Ymir para criar a terra. As rochas surgiram dos dentes e dos ossos do gigante. Já o oceano foi criado a partir do seu sangue. As florestas surgiram dos cabelos de Ymir, e as nuvens de seu cérebro. Ymir foi a fonte do mundo.

4. Odin criou os primeiros seres humanos a partir da madeira

Sim, o Adão e a Eva da mitologia nórdica surgiram não do barro, mas da madeira! Após a criação de todas as coisas do mundo, inclusive de Asgard (a morada dos deuses), Odin e seus irmãos estavam caminhando à margem do oceano e viram dois troncos trazidos pelo mar. Desses troncos foram feitos os primeiros seres humanos.

O deus Ve foi responsável por esculpir os dois troncos, atribuindo-lhes a forma humana e os cinco sentidos. O deus Vili deu aos humanos os sentimentos e a inteligência. Já Odin foi quem fez com que os humanos recém-criados pudessem respirar pela primeira vez, dando-lhes o dom da vida.

5. Odin deu o próprio olho em troca de conhecimento

Conhece a expressão “custar os olhos da cara”? Odin que o diga. Obcecado pela sabedoria, o deus supremo não media esforços para compreender os mistérios do mundo. Chegou ao ponto de oferecer um de seus próprios olhos em troca de sabedoria.

Odin
Representação do século XVIII mostra Odin, cego de um olho, acompanhado de seus dois corvos.

Diz o mito que Odin queria beber da água do poço de Mimir, localizado aos pés da árvore mítica Yggdrasil, eixo dos nove mundos na mitologia nórdica. Mimir, guardião do poço, era um ser muito sábio. E sua vasta sabedoria se devia à água do poço.

Diante do desejo de Odin, Mimir propôs uma troca: Odin só poderia beber da água mágica se sacrificasse um de seus olhos. E foi o que Odin fez. Arrancou um de seus olhos e o atirou ao poço, e por fim conseguiu provar da água da sabedoria.

6. Odin seduziu uma gigante para roubar o hidromel mágico

O hidromel é uma bebida mágica produzida pelos anões Fialar e Gálar. Essa bebida foi obtida através da mistura de mel com o sangue de um poeta muito habilidoso e muito sábio chamado Kvásir. Diz a lenda que beber hidromel torna a pessoa capaz de resolver enigmas complexos e recitar poemas. Por isso, essa bebida é conhecida como hidromel da sabedoria ou hidromel da poesia.

Acontece que um grupo de anões, liderados por Fialar e Gálar, mataram o gigante Gilling e sua esposa, despertando a ira de Suttung, filho do casal assassinado. Suttung era muito forte e sem muita dificuldade conseguiu aprisionar os anões numa rocha no mar. Para não morrerem afogados com a cheia da maré, os anões ofereceram todo o hidromel para Suttung, que aceitou soltar os anões.

Sottung e os anões
Suttung ameaçando os anões antes de conseguir o hidromel. Autor: Louis Huard.

A bebida ficou guardada na caverna do gigante Suttung, sob proteção de sua filha Gunnlod. Para pegar o hidromel, Odin se transformou em serpente e seduziu a gigante. Ao final da terceira noite de amor, Odin bebeu todo o hidromel e fugiu na forma de uma águia. Depois, vomitou o líquido em jarros levados pelos deuses. Foi assim que os deuses obtiveram o hidromel.

7. O cavalo de Odin tem oito pernas e é filho do deus Loki

O famoso corcel do deus Odin chama-se Sleipnir. Trata-se do corcel mais veloz do mundo, com o qual Odin percorre os nove mundos numa velocidade mais rápida que a do vento.

Sleipinir é fruto da união de Loki (o deus trapaceiro) com Svadilfari, o cavalo do mestre de obras que construiu quase todo o muro de Asgard (a morada dos deuses). A história de como Loki se transformou em égua e teve um filho com um cavalo é bem curiosa.

O acordo para a construção do muro de Asgard

Um mestre construtor ofereceu seus serviços para construir um muro para proteger Asgard. Em troca, ele pediu a mão da deusa Freya, o Sol e a Lua. Reunidos em assembleia, os deuses estavam prestes a recusar a oferta, já que as recompensas pedidas pelo homem eram inegociáveis.

Foi de Loki a ideia de aceitar a proposta, impondo ao mestre construtor o prazo de uma estação. Se o muro não estivesse pronto ao final do inverno, nenhuma recompensa seria dada e os deuses levariam a vantagem de ganhar um muro parcialmente construído.

Por que Loki se transformou em égua

O problema é que o homem trabalhava rápido com seu cavalo e, faltando apenas um dia para o final do prazo, faltava muito pouco para concluir o muro. Diante da fúria dos deuses, Loki sentiu-se obrigado a consertar seu erro. Transformou-se numa égua e seduziu o cavalo do mestre construtor, fazendo com que o último dia de trabalho ficasse bastante prejudicado. O casal equino sumiu no meio do bosque. E o muro ficou incompleto.

Irritado com a trapaça, o mestre construtor revelou sua verdadeira identidade – era um gigante – e atacou os deuses com enormes blocos de pedra. Foi morto pelo martelo de Thor. Meses depois, Loki retornou a Asgard. Já não era mais uma água, mas estava acompanhado de um pequeno potro de oito pernas, com o qual presenteou Odin. O potro era Sleipnir.

8. Odin tem dois corvos que o informam sobre tudo que acontece

Não há agências de espionagem no mundo dos deuses, mas Odin tem dois corvos que cumprem muito bem esse papel. O corvos Muninn (Sabedoria) e Huginn (Pensamento) não deixam escapar de Odin nada do que acontece. Após sobrevoar os nove mundos, eles retornam ao trono de Odin para lhe contar todas as notícias. Por isso, Odin também é conhecido como Deus Corvo, aquele que tudo sabe.

9. Com fama de mulherengo, Odin teve muitos filhos

Na mitologia nórdica, Odin é casado com a Deusa Mãe, Frigg (ou Frigga) e Jord. Apesar disso, as histórias contam que Odin se relaciona com outras mulheres, com as quais teve muitos filhos. Duas dessas concubinas são as gigantes Grid e Rind.

Com Jord, deusa da terra, Odin teve Thor, seu filho mais famoso, conhecido por ser o mais forte dentre todos os deuses. Da união com Frigg, nasceu Balder (um deus muito belo e muito sábio). Também são filhos de Odin Hoder (o deus cego), Vidar (divindade relacionada à vingança), Bragi (deus da música e da poesia) e Heimdall (guardião dos deuses).

10. Guerreiros honrados vão viver junto a Odin depois da morte

Após as batalhas, Odin recebe os guerreiros mortos em seu salão, conhecido como Valhala. Desde o início dos tempos, as Valquírias – divindades femininas que servem Odin – conduzem os guerreiros mortos dos campos de batalha para o salão do Pai de Todos.

Valhala
No salão de Odin (Valhala), os guerreiros mortos comem e bebem a noite inteira. Autor: Emil Doepler.

Mas o que esses guerreiros honrados fazem após a morte? Basicamente, lutam, bebem e comem. Quer recompensa mais gloriosa para um guerreiro honrado?

Guerreiros de todos os tempos passam boa parte do dia lutando nos campos ao redor do salão de Odin. Ao final das batalhas, os feridos se recuperam como que por um passe de mágica. Então, eles se reúnem em Valhala para banquetear: carne de javali e hidromel. Tudo isso sob a liderança de Odin.

Referências

GAIMAN, Neil. Mitologia Nórdica. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017.

LANGER, Johnni (org.). Dicionário de Mitologia Nórdica. Símbolos, Mitos e Ritos. São Paulo: Hedra, 2015.

MUNCH, Peter Andreas. Norse Mythology. Legends of Gods and Heroes. Nova York: The American-Scandinavian Foundation, 1926.

MENDES JÚNIOR, Tadeu Carlos. “Uma análise do mito da criação nórdico”. Universidade Federal de Juiz de Fora. 2017.

Ancient History Encyclopedia. “Odin”. Emma Groeneveld. 13/11/17.

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